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Brasil Com efeito do corte nos juros pelo Banco Central, as famílias brasileiras devem ter 155 bilhões de reais a mais para gastar deste ano até o fim de 2018

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Recuperação só será sustentável, no entanto, se investimento voltar com força, o que deve levar ao menos 3 anos. (Foto: Reprodução)

As famílias brasileiras devem ter R$ 155 bilhões a mais para gastar deste ano até o fim de 2018. A projeção é do banco de investimento BNP Paribas e considera as recentes medidas adotadas pelo governo para estimular o consumo, carro-chefe da atividade econômica.

Esse dinheiro extra vai turbinar os gastos que, em plena campanha eleitoral, poderão voltar aos níveis pré-crise.

Uma parte do dinheiro já entrou na economia. A equipe econômica liberou saques de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) que injetaram R$ 43 bilhões no primeiro semestre.

Ainda neste ano, haverá o impacto da liberação de cerca de R$ 16 bilhões do PIS/Pasep. A quantia pode passar de R$ 20 bilhões até o primeiro trimestre de 2018, pois governo pretende localizar e reembolsar quem já tem direito a receber, mas esqueceu o dinheiro nesses fundos.

O consumidor também vai sentir no próximo ano os efeitos plenos da queda da Selic (taxa básica de juros), que hoje está em 8,25% e poderá atingir o menor patamar da história -6,5% ao ano.

Com isso, as famílias poderão renegociar dívidas, trocando juros mais elevados por taxas mais baixas.

Na avaliação do banco francês, a diferença aumentará o poder de compra das famílias em R$ 96 bilhões.

Segundo o secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Marcos Ferrari, as medidas de estímulo – os saques do FGTS e do PIS/Pasep – foram o primeiro passo para a retomada do consumo, que representa 63% do PIB. “O peso do consumo no PIB faz com que ele seja peça importante na reversão da crise”, afirma.

As projeções do governo indicam que o consumo voltará aos níveis pré-crise em meados de 2019. Mas a equipe econômica não descarta que a virada possa ocorrer antes, ainda durante a campanha eleitoral de 2018.

Isso porque as simulações não levam em conta o efeito multiplicador dos quase R$ 60 bilhões na economia com a liberação do FGTS inativo e do PIS/Pasep.

Segundo Ferrari, também não considera a confiança das famílias, que se sentem mais seguras para gastar à medida que as empresas voltam a contratar.

Novas medidas em curso podem ajudar a impulsionar ainda mais. Uma delas é a redução dos custos embutidos nos empréstimos – o chamado “spread” bancário -, o que pode adicionar R$ 38 bilhões ao poder de compra dos brasileiros até 2018.

Longo prazo

Apesar da resposta mais rápida dos consumidores, a sustentação dessa retomada depende da volta do investimento.

A previsão oficial é de que o investimento recupere o nível pré-crise em 2021. Para acelerar esse processo, o governo vem tomando medidas regulatórias para criar um ambiente mais favorável para os negócios, diz Ferrari.

Se aprovado, somente o projeto de lei que modifica o marco regulatório das telecomunicações trará R$ 34 bilhões em investimentos.

O governo também está definindo novas regras para os setores elétrico, de mineração e de petróleo e gás.

Se tudo correr como planejado, o nível de investimento poderá voltar ao patamar pré-crise ainda em 2020.

Na avaliação do secretário, essas projeções indicam que a retomada brasileira segue o mesmo roteiro da recuperação econômica dos EUA após a crise financeira de 2007.

O motor também foi a volta mais rápida do consumo. O investimento, que caiu meses antes de o país entrar em recessão, também demorou a ganhar força.

Efeito colateral

O economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, também identifica similaridades com crise americana e considera que o consumo vai puxar o PIB, impulsionado sobretudo pela queda dos juros. “A dúvida é por quanto tempo os juros ficarão baixos”, diz Kawall.

Para o economista-chefe da gestora do BNP Paribas, Eduardo Yuki, o próximo presidente da República assumirá o cargo já sob a pressão de ter de lidar com um possível aumento da taxa de juros para conter a alta inflacionária, gerada por uma retomada mais forte do consumo.

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