Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de outubro de 2017
Depois de oito horas de tentativas, os governistas conseguiram às 17h01min reunir o quorum de 342 deputados para iniciar o período de votação da segunda denúncia contra Michel Temer.
Com isso, a oposição passou a registrar presença no plenário e a votação será realizada na noite desta quarta-feira (25). Haverá antes disso um período de orientação das bancadas e discursos dos líderes partidários.
Após essa etapa, cada deputado será chamado ao microfone para dizer se concorda com o relatório favorável a Temer ou se o rejeita. O governo conta com votos suficientes para barrar a denúncia. Na análise da primeira acusação da Procuradoria-Geral da República, em agosto, foram 263 deputados ao lado de Temer contra 227.
Durante o dia, Temer passou mal e foi para o Hospital do Exército em Brasília. O presidente sentiu desconforto e realizou procedimento para desobstrução urológica.
Apesar da condição de saúde de Temer, líderes governistas querem manter a votação da denúncia para esta quarta, mesmo com dispersão de parte da base aliada.
O governo tenta votar o relatório aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça na semana passada. São necessários ao menos 342 votos (2/3) contra o texto para autorizar que o caso seja encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Cabe à corte abrir o processo.
Segundo Padilha, o governo espera receber entre 260 e 270 votos. A oposição, por sua vez, quer adiar a votação.
O tamanho do placar redimensionará a força de Temer nos 14 meses que lhe restarão de mandato e, por isso, o esforço de seus assessores é para que ele mantenha ou até mesmo amplie os votos da sessão de 2 de agosto, que enterrou a acusação por corrupção passiva que tramitava contra ele.
Nesta segunda denúncia, Temer é acusado pelo Ministério Público de obstrução da Justiça e de integrar, ao lado dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), uma organização criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões em propina.
Na primeira denúncia, a acusação contra Temer foi barrada na Câmara com o apoio de 263 deputados.
Visita
O deputado Sinval Malheiros (Podemos-SP) esteve no hospital onde Michel Temer passou por procedimento para desobstrução da uretra e disse, após conversar com a equipe local, que o presidente passa bem.
Segundo Malheiros, que também é médico e professor de medicina no interior paulista, Temer foi submetido a uma cistoscopia, um procedimento que consiste em introduzir uma sonda na uretra, após sentir dificuldade para urinar.
O médico e deputado disse não saber qual a causa do problema, mas observou que, na idade de Temer –77 anos–, é comum que seja provocado por uma hipertrofia da próstata.
Protestos
Antes da votação da denúncia contra Temer, o deputado José Guimarães (PT-CE), líder da minoria, criticou o governo.
Ele disse que a economia brasileira está “derretida” e que o governo não tem condição de continuar.
“Não sei com o alguém tem coragem em um momento como esse de dar um voto para arquivar a denúncia”, disse Guimarães, que disse que o relatório de Bonifácio de Andrada (PSDB) foi encomendado.