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Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2017
O ex-governador Sérgio Cabral será transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, nos próximos dias. A decisão foi do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. De acordo com o órgão, a data de transferência não será informada por questões de segurança. O Depen divulgará informações sobre a transferência depois que o procedimento for finalizado.
Nesta terça (24), os filhos de Sérgio Cabral estiveram na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro, para visitar o pai antes que ele seja transferido. O desembargador Abel Gomes, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), decidiu também na terça pela transferência do ex-governador para um presídio fora do estado.
A transferência foi determinada após a audiência entre o ex-governador e o juiz Marcelo Bretas. No despacho, o desembargador afirmou que as declarações de Cabral sobre a família de Bretas nos depoimentos não foram apenas um desabafo, como alegou o pedido de liminar da defesa.
“Assim, o que se observa da audiência, é que de fato o paciente [Sérgio Cabral] não só referiu dados da vida pessoal do magistrado como expressamente e em bom som disse que foram ‘informações que lhe chegaram’, sendo claramente notável da postura e tom adotados na audiência, que vi e revi na mídia requisitada ao juiz federal impetrado, o cunho de constranger a autoridade judiciária federal”, escreveu Abel Gomes.
E continuou: “Mas não foi só isso o que se viu. O paciente claramente enfrentou o juiz intimoratamente por diversas vezes, num primeiro momento insinuando que todo o processo e o ato realizado seriam um grande ‘teatro’, culminando por dizer, claramente, que a atuação do magistrado se dava pelo sentimento pessoal de se autoprojetar publicamente, como a prevaricar no exercício de sua função, isso perante diversas pessoas presentes ao ato judicial.”
Enfrentamento
O ex-governador disse que o MPF (Ministério Público Federal) faz um teatro, que está sendo injustiçado e chegou a dizer que Bretas — através da denúncia — busca projeção pessoal. O magistrado rebateu.
Com o clima quente, o interrogatório foi suspenso por cinco minutos e recomeçou mais calmo. Antes, Cabral resumiu a denúncia como “um roteiro mal feito de corta e cola”.
“Eu estou sendo injustiçado. O senhor (juiz) está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal, e me fazendo um calvário, claramente”, reclamou o ex-governador.
Às primeiras perguntas, sobre a suposta compra de joias com dinheiro de propina, disse que o magistrado conhecia o assunto por ter familiares atuando no ramo de bijuterias.
“Não quero que o senhor conte história da minha família ou o que aferiu a meu respeito”, replicou Bretas. Na sequência, o juiz acabou aceitando o pedido do MPF para a transferência do ex-governador para um presídio federal.