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Brasil O ministro Luis Roberto Barroso admite que se exaltou contra o ministro Gilmar Mendes, mas diz que não “passou da linha”

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O ministro Luís Roberto Barroso, do STF. (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

Um dia depois de protagonizar um acalorado bate-boca com o ministro Gilmar Mendes durante sessão no plenário, o também ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso disse nesta sexta-feira (27) que se exaltou e que “quase passou da linha”. A declaração foi reproduzida e publicada na coluna do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Barroso acusou o colega de ser leniente com o crime de colarinho-branco, disse que ele “não trabalha com a verdade”, afirmou que Gilmar vive “destilando ódio”.

“Vocês ainda vão ter filhos. Eles nunca nos escutam. Então, sigam meus bons exemplos, mas não os maus. A exaltação não é a melhor forma de se expressar”, disse o ministro em meio aos risos dos alunos da Faculdade de Direito da Uerj (Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde dá aulas. “Às vezes a gente levanta o tom da voz, mas essa não é a melhor forma de viver a vida. Mesmo que às vezes seja necessário, às vezes podemos passar da linha. Não que eu tenha passado. Mas quase”.

Gilmar Mendes comentou apenas que “quem acompanha o Supremo sabe que esse tipo de discussão acontece, que já aconteceu outras vezes”. “Não gostaria de comentar sobre esse caso”, disse Gilmar, após uma palestra no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), instituição educacional da qual ele é um dos sócios-fundadores.

O ministro Marco Aurélio, também do STF, classificou nesta sexta-feira (27) como “lastimável” a discussão entre os colegas Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes na tarde desta quinta (26) no plenário, mas evitou fazer maiores comentários sobre a briga.

“Não teço considerações maiores porque guardo inimizade capital com um dos interlocutores”, disse o ministro.

Ele e Gilmar Mendes são brigados e não se falam; nem sequer se cumprimentam nos intervalos das sessões plenárias, quando os magistrados se reúnem para tomar café, segundo relatos de ministros da corte.

A discussão gerou um clima de constrangimento depois da sessão, disseram ministros.

Gilmar deixou o tribunal assim que a presidente Cármen Lúcia suspendeu a sessão. Barroso saiu em seguida e foi cumprimentado por algumas pessoas que estavam na plateia.

À noite, a presidente viajou para Belo Horizonte, mas, antes, disse a pessoas próximas que pretende conversar com Gilmar e Barroso na próxima semana. Segundo relatos, ela reclamou da exposição que o episódio gerou, o qual classificou como “absurdo”.

Nesta sexta, a presidente definiu a pauta do tribunal para o mês de novembro e não incluiu ações polêmicas, como prisão em segunda instância ou a possibilidade de a polícia fechar acordo de delação premiada.

De acordo com um ministro, a “pauta sem grandes temas controversos” foi um pedido feito pelos magistrados e reforçado após a confusão entre os ministros.

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