Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de outubro de 2017
O corretor Lúcio Funaro se emocionou em audiência na Justiça Federal em Brasília nesta sexta-feira (27) ao falar sobre a prisão e a família. “Passou a fase de querer vaidade, querer poder. Faz 1 ano e meio que minha filha está vindo aqui nas audiências, o senhor [disse ao juiz] conheceu ela um bebê. Eu não quero mais passar por isso. Faz um ano e meio que eu não vejo meu pai. Não tenho coragem de chamar ele para me visitar”, disse Funaro, chorando. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A esposa de Funaro, que acompanhava a audiência, também chorou nesse momento. Ele está preso desde julho do ano passado e fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no final de agosto.
Ainda emocionado, Funaro falou sobre as operações financeiras que fez – e que geraram pagamento de propina. “Foram operações financeiras, mas que não são permitidas e eu tinha que saber isso. Se não é permitido é proibido. Se é proibido pode me levar para a cadeia. Eu não tinha essa concepção dentro da minha cabeça”, afirmou o corretor, que negou que atuasse como um doleiro. Sobre sua situação na cadeira, disse ao juiz que “não tem condição nem de se mexer, quanto mais arrumar briga com os outros”.
Funaro disse que quer sair da prisão para fazer faculdade, como previsto em seu acordo de delação, e “arrumar a vida”.
Na delação, Funaro implicou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Os dois estão sentados frente a frente na 10ª Vara Federal em Brasília para interrogatórios da Operação Sépsis, que investiga desvios a partir de contratos da Caixa. O corretor disse que estava em uma posição “chata” frente a Cunha.
“É uma posição chata estar sentado aqui, mas é uma posição que eu tive que assumir. Assim como eu aceitaria se a mulher dele tivesse sido presa e ele tivesse que delatar. Eu iria aceitar. Minha irmã foi presa, eu não tinha outra opção”, disse o corretor, que reforçou que ninguém o obrigou a buscar o acordo.
“Eduardo sempre foi um cara muito correto. Nunca atravessou – por exemplo, se o Joesley (Batista) queria fazer uma operação, ele [Cunha] falava ‘você vai ter que falar com o Lúcio’”, disse Funaro.
Ele disse que almoçava constantemente com Cunha e sempre ‘respeitou muito’ a opinião do peemedebista. “Se ele falasse para mim uma coisa, eu iria respeitar. Sempre teve uma ascendência. Não por imposição, mas por ser uma pessoa mais velha que eu respeitava”, disse Funaro, sobre sua relação com Cunha.
Já foram interrogados também Margotto e o ex-vice presidente da Fundos e Loteria da Caixa, Fábio Cleto. Cleto afirmou que Cunha e Funaro intermediavam o repasse de propina para garantir a empresas a liberação de contratos com a Caixa. No depoimento, Cleto falou que sua indicação para a Caixa foi patrocinada por Cunha.
O presidente Michel Temer respondeu às acusações. “O presidente contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos, ainda mais partindo de um delator que já mentiu outras vezes à Justiça.”