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Brasil Em depoimento à Polícia Federal, o ministro das Relações Exteriores admitiu ter pedido dinheiro para a empreiteira Odebrecht

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Aloysio, de 73 anos, foi ministro das Relações Exteriores entre março de 2017 e dezembro de 2018, durante o governo de Michel Temer. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em depoimento à PF (Polícia Federal), o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, admitiu ter pedido doações de dinheiro à empreiteira Odebrecht para a campanha eleitoral de 2010. Ele também assumiu ter se reunido no Palácio dos Bandeirantes com o delator Carlos Armando Paschoal, o “CAP”, que o acusa de receber R$ 500 mil por meio de dois repasses de caixa 2.

As declarações foram feitas em maio, no âmbito do inquérito 4428/DF, que o investiga por suposto favorecimento da empreiteira em obras do Rodoanel, em São Paulo. O tucano nega que nos encontros tenham sido tratadas irregularidades. O relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal) é o ministro Gilmar Mendes.

Inquérito

No último dia 24, a procuradora-geral da República Raquel Dodge pediu que Aloysio seja reinquirido no inquérito 4428/DF, inclusive sobre quem o tucano apresentou ao executivo CAP, delator ligado à Odebrecht e apontado como pagador de propinas da empreiteira.

Benedicto Júnior, o “BJ”, ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht, afirmou que os dois repasses a Aloysio se deram na campanha do tucano ao Senado, em 2010. “BJ” diz ter sido procurado naquele ano por Carlos Armando Paschoal, o “CAP”, responsável por demandas da Odebrecht em São Paulo, com a solicitação do pagamento a Aloysio Nunes.

“CAP” é um dos 77 executivos da empreiteira que fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. “O Carlos ponderou que ele era uma pessoa proeminente do PSDB em São Paulo e que a companhia deveria fazer a doação. Eu autorizei”, diz “BJ”. O delator alega não ter conhecimento de demandas levadas a Aloysio Nunes pela empreiteira.

Carlos Armando Paschoal, no entanto, relata na delação que, na época em que foi procurado por Aloysio (então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo), a Odebrecht estava em negociações com a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) sobre aditivos contratuais na obra do Rodoanel. A Dersa é uma empresa de economia mista, controlada pelo Estado de São Paulo.

Aloysio Nunes afirmou à PF que, na época em que ocupava a chefia da Casa Civil, no governo José Serra (2007/2010), foi procurado por CAP para tratar de assuntos relacionados à obra do Rodoanel Sul e que “não sabe precisar quantas vezes se encontrou com o delator no Palácio dos Bandeirantes”.

O tucano relata que “iniciou a arrecadação de recursos para sua campanha de 2010, cujo coordenador financeiro era Rubens Rizek, responsável por procurar ‘possíveis doadores, pessoas físicas e jurídicas” para arrecadar recursos.

O ministro afirma que entre as diversas empresas que procurou, uma delas é a Odebrecht. Aloysio diz ter se reunido com representantes da Odebrecht em seu comitê eleitoral, mas diz não ter solicitado valores específicos.

Ele alega, ainda, ter se encontrado também com outros empresários para tratar da obra que, segundo ele, teve vários problemas em razão de sua ‘alta complexidade’ e de problemas financeiros causados por desapropriações, questões ambientais, e o regime jurídico dos contratos.

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