Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Em setembro, o prefeito Nelson Marchezan externou a intenção de privatizar a Carris. Sua decisão se baseia no resultado da empresa em 2016 (prejuízo de mais de 50 milhões) e também na falta de sentido em deixar nas mãos da prefeitura a gestão de uma empresa que não deveria ser pública, em sua visão. Atualmente, a empresa tem dificuldades de se sustentar, devido a tanta burocracia que enfrenta em sua operação.
Essa intenção do prefeito fez com que os funcionários da Carris entrassem em greve e protestassem contra a possível privatização. Mas será mesmo que não é um bom caminho para todas as partes?
A existência de qualquer empresa é correlacionada a uma série de fatores que determinam o seu desempenho e existência. Dentre eles, está o mais determinante de todos: sua lucratividade. Sem resultado financeiro positivo, sua existência não é justificada, visto que não há dinheiro para pagamento de salários e de melhorias no produto ou serviço oferecido. Esse, infelizmente, é o cenário atual da Carris. Possivelmente, como a gestão da empresa esteve sempre com a prefeitura – que já tem afazeres e responsabilidades demais –, e por ser uma empresa pública (o que faz com que todas as suas compras tenham de passar por licitações, burocratizando a operação), a Carris sempre teve alta barreira para manter competitividade perante concorrentes do setor privado. Logo, com altas barreiras impostas pelo Estado e com problemas de gestão, a empresa acabou gerando resultado deficitário e, atualmente, não se sustenta.
Nesses casos, a privatização sempre é uma solução interessante para todas as partes envolvidas, especialmente se a empresa está nessa situação financeira. Todos ganhariam com esse processo: a prefeitura, que teria 50 milhões a mais no orçamento, valor maior do que é investido em segurança pública atualmente, por exemplo; a população, com um serviço de transporte que tenderia a melhorar, visto que será regulado pelo mercado; e, finalmente, a própria Carris, que estaria livre da burocracia e teria chance maior de recuperação financeira, podendo inclusive gerar mais empregos para os porto-alegrenses no futuro.
No caso de uma real privatização da Carris, o prefeito não deve interromper seus cortes e avanços na gestão pública. A não obrigatoriedade de sustentar os 50 milhões da Carris não deve fazer com ela pare de buscar soluções para os seus gastos, que atualmente são excessivos! Há diversos cortes ainda necessários. Ignorando tal avanço, a privatização apenas se torna uma solução temporária para o maior problema de hoje em dia: o tamanho do Estado. A diminuição das responsabilidades da prefeitura fará com que ela consiga focar esforços, financeiros e humanos, nas principais funções que justificam sua existência: educação, saúde e segurança. Precisamos construir um futuro com o menor Estado possível já.
Rodrigo Leke Paim, é publicitário e associado do IEE.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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