Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de novembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O conceito de criptomoedas tornou-se popular nos últimos meses, porém, poucos refletem sobre o seu verdadeiro significado para o futuro. Primeiramente, devemos entendê-las. De forma resumida, é possível definir criptomoeda como moedas 100% digitais que operam sem intermediários. Essas, por não serem impressas, têm circulação restrita a transações online, o que facilita seu controle e rastreabilidade. Entre as principais existentes no mercado, a mais conhecida, e primeira constituída, é o Bitcoin. Mas por que tal moeda foi criada?
Criado em 2009, o Bitcoin é uma moeda totalmente digital que surgiu com a intenção de facilitar a realização de transações entre pessoas de todo o mundo. Porém, o que impressiona em seu funcionamento é o fato de suas transações não passarem por um intermediário, o que faz com que sejam realizadas diretamente entre os usuários de ponta a ponta (peer-to-peer). Mesmo assim, segundo especialistas do assunto, são transações seguras, rápidas e com taxas baixíssimas – especialmente se comparadas às de grandes instituições bancárias. Para garantir esse alto nível de segurança, especialmente contra fraudes, seu sistema se baseia em blockchain, que é basicamente uma cadeia de computadores que verificam todas as transações realizadas em Bitcoin, por meio da solução de problemas matemáticos criados pelo seu fundador. Por ser uma rede aberta para todos, o sistema funciona como um livro público de transações, garantindo a transparência total ao deixar o usuário ter acesso a dados sobre qualquer operação realizada. Além disso, tal sistema permite que ele coloque o seu próprio computador para realizar tal trabalho de verificação, rodando um sistema e contribuindo para a rede.
Analisando a raiz de seu conceito, fica visível a intenção que o fundador, Satoshi, teve ao criá-la: mostrar que é possível descentralizar tudo, até mesmo uma moeda. Pouco refletimos sobre por que necessitamos de instituições para intermediar certos serviços que utilizamos. Muitos, como as transações bancárias, já caíram em senso comum e nunca nem sequer foram contestados. Essa revolução do setor financeiro é a maior evidência de que não necessariamente precisamos de uma instituição reguladora – que muitas vezes são públicas – para garantir o melhor serviço, preço ou segurança. Essa dependência faz com que o usuário esteja preso a um leque de opções muito limitado e, por consequência, seja obrigado a aderir a elas por falta de opção.
Outra questão relevante é que a liberdade intrínseca existente nesses sistemas, como os baseados em blockchain, não permite cobrança de impostos, aplicação de taxas abusivas devido ao monopólio e demais barreiras que barram nosso crescimento. No caso do Bitcoin, a moeda já proporciona facilidade para negociação internacional e lentamente está abrindo fronteiras para o desenvolvimento econômico dos países, inclusive do Brasil.
Concordo que ainda é muito cedo para aderir 100% ao uso dessas moedas, já que é um movimento em fase inicial e, devido a isso, muito volátil. Porém, acredito que foi um grande passo para provocar uma reflexão da população sobre diversos serviços que estão presentes no dia a dia de todos. Sendo assim, pergunto: será mesmo que precisamos de órgãos reguladores e instituições para intermediar absolutamente tudo o que fazemos?
Rodrigo Leke Paim, é publicitário e associado do IEE.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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