O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) defende a reforma mais ampla, mas o ministro da Educação, Mendonça Filho, é contra, por exemplo. Acredita que primeiro Temer precisa resolver o futuro dos tucanos no governo – depois, mexer no restante, aos poucos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu respaldo ao ministro da Educação, e defende uma espécie de reforma fatiada. Só desta forma, por partes, Maia avalia ser possível atender a aliados e viabilizar apoio para a reforma da Previdência a tempo de aprová-la.
Diante das diferentes opiniões, o presidente avalia a possibilidade de fazer neste momento apenas mudanças pontuais – mas só quer bater o martelo nos próximos dias.
Uma das preocupações de Temer é que, se de fato adiar, partidos incomodados com a decisão se antecipem e anunciem que deixarão o governo, tornando mais difícil a garantia de apoio à reforma da Previdência.
17 ministérios
O líder do governo no Senado e presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou na terça-feira (14) que a reforma ministerial seria “ampla” e atingiria 17 dos 28 ministérios da gestão peemedebista. Jucá, no entanto, não especificou quais pastas devem ser alvo da “dança das cadeiras”.
O senador do PMDB deu a declaração ao ser questionado por repórteres sobre se a saída do tucano Bruno Araújo (PSDB) do comando do Ministério das Cidades acelerava o redesenho do primeiro escalão. Parte dos partidos da base aliada de Temer estão de olho nas quatro pastas comandadas pelo PSDB: Cidades, Relações Exteriores, Secretaria de Governo e Direitos Humanos.
Resistência
A afirmação de Jucá e a reação de alguns aliados preocupou Michel Temer, que já recebeu manifestações de resistência de alguns ministros, que preferem sair apenas perto do prazo de desincompatibilização, em abril de 2018.
Nessa linha, PSD e DEM querem manter até o limite os ministros Gilberto Kassab (Comunicações, Ciência e Tecnologia) e Mendonça Filho (Educação).
“Ministro político tem mais força. Por isso, há uma reação de um grupo”, teria dito um auxiliar de Temer ao blog de Gerson Camarotti. O argumento dos partidos é que a pressão maior é para desalojar o PSDB e remanejar o espaço dos tucanos com legendas do “Centrão”.
Por outro lado, há forte movimento de siglas aliadas pela saída de ministros que perderam o apoio das respectivas bancadas. Entre eles Fernando Bezerra Coelho Filho (Minas e Energia) e Marx Beltrão (Turismo).
“Os dois perderam o apoio de suas respectivas bancadas e estão sem representatividade. Por isso, entram no primeiro momento da reforma ministerial. Temer precisa ter voto para fazer a reforma da Previdência”, disse um interlocutor que despachou com Temer para tratar da reforma ministerial.
Já o PP negocia abrir mão do Ministério da Agricultura para herdar o Ministério das Cidades, até então comandado pelo PSDB. Mas exige manter o comando do Ministério da Saúde.
“Não interessa perder a Saúde. É uma pasta mais forte do que o próprio Ministério das Cidades”, ressaltou um cacique do PP.