Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de novembro de 2017
Três restaurantes da Zona Sul do Rio de Janeiro são suspeitos de fornecerem alimentos “gourmet” para presos da Lava-Jato no Rio. A informação é da promotora do Ministério Público Estadual Elisa Fraga.
“Nós recebemos uma informação de que estavam ingressando alimentos oriundos de restaurantes para a alimentação dos presos das operações Calicute, Lava-Jato, C’est Fini”, afirmou a promotora.
Entre os alimentos que entraram de forma irregular na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, estão camarão, bacalhau, queijo de cabra, presunto importado e risoto de frango. Todas as comidas foram apreendidas por promotores nesta sexta-feira (24).
No presídio estão presos o ex-governador Sérgio Cabral, o presidente afastado da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani e os deputados também afastados Paulo Melo e Edson Albertassi, todos do PMDB.
Até esta sexta, também estava preso em Benfica o ex-governador Antonhy Garotinho, mas ele foi transferido para o Complexo de Gericinó, em Bangu, como punição da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) por supostamente se “autolesionar”.
Segundo explicou a promotora, das celas 1 a 9 do presídio – onde estão os detentos da Lava-Jato – havia embalagens similares, com alimentos também parecidos. Isso reforça a suspeita do MP de que os fornecedores das comidas seriam os mesmos.
A representante do MP também explicou que é permitido, segundo resolução da Seap, que parentes levem para os detentos refeições prontas dentro das cadeias. Mas, alimentos in natura, ou seja, que ainda não estão cozidos, como é o caso dos camarões, estes são proibidos.
Ministério Público
Após a ação o MP informou que iria comunicar o caso ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. O magistrado é o responsável pelos processos da Lava-Jato no Estado. A operação foi realizada pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP.
A Seap informou, por nota, que há uma resolução desta pasta dizendo que todo o visitante de interno de todo o sistema penitenciário pode levar até três bolsas de supermercado contendo alimentos ou produtos de higiene pessoal para os detentos de todo o sistema prisional. As restrições são para alimentos ou produtos de higiene que dificultem a fiscalização dos mesmos.
“A Seap esclarece, ainda, que os internos ao receberem os alimentos podem optar por consumi-los na hora da visita ou mesmo levá-los para serem consumidos na cela em momentos posteriores. A Seap ressalta que o recipiente com gelo encontrado é artesanal, feito com baldes de plástico transparentes pelos próprios internos. Cabe ressaltar que em todas as unidades prisionais do sistema existem fornos de micro-ondas no pátio de visitas que é disponibilizado para presos e visitantes.”
Em nota, a defesa de Cabral diz que ex-governador é perseguido:
“Sérgio Cabral já é perseguido até pelo que come. Daqui a pouco será pelo que pensa. É lamentável se ver a mobilização de todo o aparato estatal em perseguição ao cardápio de um detento. Parecia que o Ministério Público tinha coisas mais importantes a fazer no Estado do Rio de Janeiro, que fiscalizar comida de presídio. Pior ainda foi constatar mais uma ilegalidade praticada contra o ex-governador que, nem mesmo preso, consegue ter a sua dignidade e a sua imagem preservadas.”
Uma das embalagens foram marcadas com o nome de Cabral na tampa. Os promotores encontraram os alimentos ensacados em tonéis. Refrigerantes e iogurtes estavam em baldes de gelo para serem conservados. Cabral alegou que o iogurte é vendido na cantina da prisão.
“Isso aqui é vendido na cantina”, disse Cabral, apontando para um iogurte.
“O Activia?”, questionou uma promotora.
“É”, respondeu Cabral.
Os promotores resolveram deixar o iogurte e alguns ítens que podem ser levados pelas famílias, como pão.