Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de novembro de 2017
A reforma da Previdência está aí. “Ela é supernecessária”, ressalta Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva. Entretanto, “não se tem o mesmo empenho para discutir a empregabilidade das pessoas de mais de 50 anos”. Que, muitas vezes, trabalham em empregos que deixarão de existir. As informações são da colunista Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo.
Estudioso experiente das classes C e D, fundador do Data Popular, Meirelles acredita que o brasileiro está em uma encruzilhada. “Há uma concentração muito grande da briga ‘medo x esperança’ e o momento de tensão é paralisante.” Os brasileiros hoje, adverte, estão desesperadamente em busca de um caminho que lhes permita voltar a sonhar.
Segundo Meirelles, “hoje, 92% dos brasileiros acham que todos os políticos são corruptos. De um lado nós temos a população querendo algo diferente da política tradicional. Do outro, tem a política tradicional tentando a todo custo manter-se no poder. Não há espaço para o novo nos métodos tradicionais da política, em algum momento isso vai estourar. Então, tem manifestações, tem desilusão, tem o crescimento continuo de votos nulos, brancos e abstenções. Esse movimento de desilusão, que aumenta graças à polarização política que se deu na sociedade nos últimos dois anos, faz com que a crença dos governados nos governantes se perca e que se crie um cenário de completa incerteza nas próximas eleições”.
Para ele, as pessoas não vão mais para a rua “porque não veem perspectiva de mudança. Se nada for feito, o que é que nós vamos ter? Um cenário de candidatos indo para o segundo turno com não mais do que 25% dos votos. É uma completa pulverização, um risco inclusive para o sentimento de representação das pessoas. Na última eleição presidencial tivemos o Brasil dividido, mas não em dois. Estava dividido em três: um terço votou na Dilma Rousseff, um terço votou no Aécio Neves e um terço foi de brancos, nulos e abstenções”.
Sobre pesquisas políticas, Meirelles afirmou que “uma das nossas maiores demandas é análise de cenário. E aí você descobre o óbvio: o consumidor é o mesmo cara que vota. É a dona Maria, o seu João, essas pessoas que estão lá em casa. Então fazemos análise de cenário para entender a cabeça do brasileiro com relação à classe política. E para compreender a relação entre as perspectivas política e econômica. Hoje, 84% dos brasileiros não sabem dizer o nome de ninguém que conseguiria tirar o País da crise. E sabe quem lidera entre os 16% restantes? O papa Francisco”.
Depois do papa, “começam a vir os nomes de políticos tradicionais. O interessante é que quando um argentino é a melhor solução que um brasileiro enxerga pra sair da crise, é porque estamos todos à espera de um milagre”, disse.