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Brasil As ameaças mais graves têm vindo do Congresso, disse o coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato

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Procurador (foto) estava preocupado com possibilidade de absolvição de Adir Assad antes de delação. (Foto: Fernando Frazão/ABr)

O coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, disse nesta terça-feira no Rio que o Congresso Nacional é quem define se existirão avanços ou retrocessos nas investigações sobre corrupção. O procurador demonstrou descrença pela atual configuração da Câmara e do Senado e voltou a dizer que a “batalha final da Lava-Jato será em 2018”, quando espera a renovação política das duas casas. Se isso não ocorrer, pode haver, segundo ele, um esvaziamento da Operação por instinto de autopreservação dos políticos. Ele afirmou ainda que este Congresso não tem perfil para aprovar medidas contra a corrupção.

“O Congresso é quem define se existirão retrocessos e as ameaças mais graves à Lava-Jato têm vindo de lá. É o Congresso quem determina se terão avanços contra a corrupção”, afirmou Deltan em palestra no Conbrai (Congresso Brasileiro de Auditoria Interna), no Rio.

Em entrevista depois do evento, o procurador disse que o atual Congresso não tem perfil para fazer reformas:

“Evitar ataques à Lava-Jato, com o avanço de reformas, depende essencialmente do Congresso e já percebemos, quando ele há um ano desfigurou as medidas contra a corrupção e as substituiu por uma medida a favor da corrupção, que esse Congresso não tem perfil para aprovar reformas anticorrupção.”

Deltan citou que boa parte do atual Congresso está na lista de 415 políticos citados nas delações de executivos da Odebrecht.

“Existem sim alguns parlamentares honestos, bons e comprometidos com a luta contra a corrupção. Agora, o que temos visto é um grande número de parlamentares que trabalham no sentido oposto ao aprimoramento das instituições, ao fortalecimento da transparência e à melhora das regras de licitação”, afirmou o procurador.

Deltan citou ainda que já houve decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a Lava-Jato que, na opinião dele, foram diferentes das tomadas em casos semelhantes:

“Respeitamos entendimentos do STF, ainda que eventualmente divergentes. Agora, o que não pode acontecer é que existam decisões desiguais para casos idênticos. Os entendimentos não podem variar conforme o nome que está na capa do processo. Vimos algo nesse sentido quando houve a libertação de José Dirceu.”

Batalha e mobilização eleitoral

Integrantes das forças-tarefas da Lava-Jato no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo defenderam, nesta segunda-feira, que a sociedade se mobilize para incluir o combate à corrupção na pauta eleitoral do ano que vem. Após reunião no Rio para aprimorar a colaboração entre os grupos de trabalho da operação, os procuradores afirmaram que o resultado das eleições vai definir o futuro das investigações — a renovação do Congresso deverá determinar o avanço das investigações no País, disseram. Os investigadores chegaram a pedir aos eleitores que candidatos envolvidos em denúncias de mau uso do dinheiro público sejam rejeitados nas urnas.

 

 

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