Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2017
Os líderes democrata e republicano da Câmara de Representantes dos Estados Unidos pediram nesta quinta-feira a renúncia do congressista John Conyers, acusado de assédio sexual.
Conyers, 88 anos, o congressista mais velho da Câmara de Representantes e um ícone da luta pelos direitos civis dos negros, foi acusado por várias mulheres de assédio sexual durante anos, o que ele nega. No entanto, o legislador reconheceu ter pago em 2015 pouco mais de 27.000 dólares a uma ex-colaboradora parlamentar que o acusou de tê-la demitido por rejeitar seus avanços.
A líder da minoria democrata na Câmara, Nancy Pelosi, que até domingo parecia defender Conyers, avaliou nesta quinta-feira que as acusações são “sérias, decepcionantes e muito críveis”, e que “as valentes mulheres que o denunciaram merecem justiça”. “Rezo por Conyers e sua família (…) mas o congressista deveria renunciar”.
O presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, adotou a mesma posição e declarou que Conyers deve “renunciar imediatamente”.
As denúncias já custaram a Conyers seu cargo de chefe da minoria democrata na Comissão de Assuntos Jurídicos. O congressista foi internado em um hospital de Detroit “sob um enorme estresse devido aos ataques da mídia, dos abutres políticos e as acusações em série”, revelou o consultor político Sam Riddle, amigo de Conyers.
O advogado do legislador, Arnold Reed, confirmou sua internação, na noite de quarta-feira, com vertigem e falta de ar. “Tem uma atitude positiva” e não pretende renunciar, revelou Reed.
Outros congressistas e senadores republicanos e democratas também são alvo de acusações similares, como parte da onda de denúncias de assédio sexual, ou conduta imprópria, contra figuras de Hollywood, meios de comunicação e do mundo tecnológico.
Apresentador
O apresentador da rede americana NBC, que foi demitido por causa das denúncias de assédio sexual, pediu desculpas e disse estar arrependido. Até três dias atrás, Matt Lauer trabalhava na bancada de um dos programas mais vistos da TV americana nas manhãs. Na edição dessa quinta-feira, a apresentadora Savannah Guthrie leu a nota que ele mandou depois de ser demitido por assédio sexual: “Existe verdade suficiente nessas histórias para me deixar constrangido e envergonhado”.
Pelo menos três funcionárias da rede NBC relataram que foram assediadas por ele. Em setembro, Matt havia entrevistado Bill O’Reilly, que era o principal âncora de outra rede, a Fox News, e foi demitido em abril, também por assédio sexual. Charlie Rose, um dos principais âncoras da TV americana, foi acusado de atos como tocar as coxas e aparecer sem roupas diante de algumas colegas de trabalho.
O ator Kevin Spacey foi acusado por vários homens de assédio e abuso sexual. Alguns eram menores de idade na época dos fatos. E o produtor de filmes Harvey Weinstein foi acusado de assédio e estupro por mais de 40 mulheres, entre elas, muitas atrizes de Hollywood.
Esses e outros casos que estão vindo à tona mostram o que parece ser uma cultura disseminada de assédio sexual no cinema e na TV dos Estados Unidos, mas não só lá. Na política também. Agora, enquanto nas emissoras e nos estúdios, os acusados foram logo afastados, na política, continuam todos aí.