Sábado, 02 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 23 de dezembro de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Nesta época ficamos mais sensíveis. Fazem-se festas com “amigo oculto”, mandam-se cartões e também são elaboradas listas de pedidos ao Papai Noel. Quando menino, tinha de me ajoelhar diante do Weihnachtsmann e fazer uma pequena oração, para que, depois, pudesse fazer meus pedidos.
Assim era a oração: “Ich bin Klein, mein Herz ist rein, Darf niemand drin wohnen als Jesus allein” (“sou pequeno, meu coração é puro, nele não deve morar ninguém, a não ser Jesus”). Sem pieguice, mas, repetindo isso agora, uma pequena lágrima desceu pelas rugas que já tenho. Embarguei. Mesmo. Lembrei também que, um mês antes do Natal, rezava todas as noites, como num pensamento mágico. Mesmo pobre de marré, achava que, rezando, Papai Noel viria. Mas, vamos lá. Como deveria ser a lista de um jurista para o Papai Noel? Como em um pensamento mágico “daqueles tempos”… Vai que dá certo… afinal, sou pequeno, meu coração é puro… Então:
1- Como advogado e ex-procurador de Justiça, peço que em 2018 meus processos sejam julgados com a rapidez dos processos do Lula e as garantias dos processos do Aécio. Acho que não é pedir muito, certo, Noelão?
2- Que as Faculdades e Universidades não mais demitam professores a rodo, do modo como estão fazendo depois da reforma trabalhista. Papai Noel, proteja a classe dos professores; e também dos trabalhadores em geral; proteja-os dos contratos intermitentes. Imagina-se, Pai Natal, se o senhor só recebesse pelo trabalho que faz no Natal. Como o senhor sobreviveria no resto do ano?
3- Não dê presentes para quem faz comentários raivosos nas redes sociais; passe a sua varinha de marmelo no lombo de quem faz discursos de ódio; e também em quem achar que isso que estou dizendo (por exemplo, sobre a vara de marmelo) seria politicamente incorreto; afinal, Pai Natal, estou fazendo uma catacrese ou metáfora ou sei lá o que;
4- Que o governo do Estado não mais parcele os salários dos servidores públicos;
5- Que a prefeitura de Porto Alegre cuide mais da cidade; caso contrário, ponha o prefeito para ajoelhar no milho… sem joelheira;
6- Que os gremistas tenham força para enfrentar a IVI – Imprensa Vermelha Isenta, que como Papai Noel sabe, é terrível;
7- Que os eleitores saibam escolher bem os seus candidatos e não venham depois com xurumelas. Papai Noel: ponha uma faixa em cada casa, dizendo “caro eleitor: jabuti não sobre em árvore; ou foi enchente ou um monte de gente”. E para os burros que não entenderam a metáfora, não dê presente e ainda dê uma varada;
8- Que os moralistas parem de vociferar nas rádios e nas TVs. Moralista é sempre muito chato. E chatos têm de ajoelhar no milho;
9- Que o Brasil não pare para ver o clipe da Anitta. A menos que venhamos a adotar, em vez do presidencialismo, a bundocracia. O que fizeram com o gosto musical?
10- Não faça delação premiada, Papai Noel. E cuidado com as conduções coercitivas. Imagine se o senhor contar os segredos dessa gente toda? Inclusive os meus. Nota: Sim, Papai Noel não tem WhatsApp, mas desce pela chaminé. Ele sabe de tudo. Portanto, se o senhor receber uma intimação, não faça nada; ligue para seu advogado.
11- Papai Noel, mais um pedidinho. Peça para o Paulo Sérgio deixar os convidados do Programa Pampa Debates – do qual participo às segundas-feiras – falarem mais (aqui tenho de colocar umas pitadas de potássio, isto é, kkkk. E por usar esse expediente meio ridículo de colocar “k” para mostrar risos, desconte 30% da minha cota de presentes. Eu mereço o castigo). Já que falo do assunto, Papai Noel, interceda para que as pessoas falem mais umas com as outras e parem de mandar pequenas gravações. E proíba o uso de emojis. Em vez de colocar uma carinha rindo, não é melhor telefonar e dar uma gargalhada ao telefone?
Pronto. Sendo quanto se me oferecia para o momento, subscrevo-me, atenciosamente, seu fã Lenio Streck.
Feliz Natal a todos os leitores da coluna. E para os que não leem, também.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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