Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de dezembro de 2017
Pela primeira vez na história, um chefão do futebol brasileiro foi condenado pela Justiça. Não a do Brasil, mas a dos Estados Unidos. José Maria Marin, 85 anos, presidente da CBF no período entre 2012 e 2015, foi considerado culpado em seis das sete acusações de crimes do “caso Fifa”. A lista inclui três crimes de fraude financeira em eventos esportivos (Copa América, Copa Libertadores, Copa do Brasil), outros dois de lavagem de dinheiro (Copa América e Libertadores) e um por conspiração e formação de organização criminosa.
Ex-presidente da Conmebol Juan Angel Napout, paraguaio, também foi condenado. Das cinco acusações, ele foi inocentado em duas: lavagem de dinheiro na Libertadores e na Copa América. Apesar do apelo das defesas, a juíza Pamela Chen aceitou o pedido da promotoria e Napout e Marin, que estavam em prisão domiciliar nos Estados Unidos até o julgamento, foram levados imediatamente para uma prisão federal após deixarem o tribunal.
“O objetivo imediato é fazer com que ele possa esperar o apelo em liberdade. Entendemos que é uma ação que não tem uma justificativa, diante da idade, das condições físicas dele, da dificuldade dele se movimentar. Então isso é a nossa prioridade. E (depois) obviamente vamos apelar do veredicto”, frisou o advogado Julio Barbosa, um dos que respondem pela defesa do ex-cartola, que também exerceu o cargo de governador do Estado de São Paulo entre maio de 1982 e março de 1983, durante a ditadura militar.
Marin foi condenado pelo júri popular no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York, onde corre o “Caso Fifa”. O tamanho de sua pena ainda será definido pela juíza Pamela Chen, que não tem prazo para publicar a sentença. Antes da condenação, Marin estava em prisão domicilar em seu apartamento na Trump Tower, em Nova York.
Argumentação
A defesa do brasileiro tentou argumentar que Marin toma medicamentos pra depressão e hipertensão e que a expectativa de vida média de um homem é de 74 anos. No caso do paraguaio, os advogados afirmaram que há todo um aparato policial disponível para evitar a fuga do seu cliente. Mas não adiantou.
A magistrada recebeu os argumentos, ponderou sobre o tema e disse que compreendia as solicitações. Mas ela rebateu que, neste estágio do processo, com as condenações já definidas, é preciso ter a certeza de que os dois réus estarão sob custódia para aguardar a sentença.
Segundo Pamela Chen, os dois eram mantidos em prisão domiciliar porque haviam pago fiança e estavam em julgamento, mas como houve condenação, “não faria sentido” manter o benefício. “Além disso, as prisões federais têm estrutura para cuidar de detentos com essas condições de saúde”, garantiu.
Marin e Napout foram presos, mas não na frente do público presente. Os agentes norte-americanos estavam à paisana entre as pessoas no Tribunal, aproximaram-se de ambos os réus e, em seguida, a juíza pediu que todos deixassem o local. Emocionado, Napout entregou a aliança de casamento à sua esposa, em frente às filhas do casal. Já para Marin restou o consolo de seus advogados.