Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2018
O Haiti e vários dos países insinuados por Donald Trump como sendo “de merda” expressaram indignação nesta sexta-feira (12) pelos comentários do presidente dos Estados Unidos. A nação caribenha convocou a principal diplomata dos EUA no país a dar explicações. Trump questionou, na quinta-feira, por que motivo os Estados Unidos iriam querer receber imigrantes do Haiti e de países africanos, se referindo a alguns como “países de merda”, de acordo com duas fontes com conhecimento dos comentários.
O governo do Haiti considerou as declarações “inaceitáveis” e “racistas”.
“O governo haitiano condena com a maior firmeza essas declarações desagradáveis e abjetas que, se comprovadas, são inaceitáveis, pois refletem uma visão simplista e racista”, afirmou o texto oficial.
O embaixador do Haiti em Washington, Paul Altidor, disse ser “angustiante” que os supostos comentários tenham sido divulgados nesta sexta-feira, data que marca os oito anos de um devastador terremoto que acredita-se ter matado 220 mil pessoas na ilha, e deveria ser um dia de homenagem às vítimas.
Nesta sexta-feira, o presidente negou ter usado estas palavras. Mas o senador democrata Dick Durbin, que participou do encontro na Casa Branca sobre imigração na véspera, confirmou a repórteres que Trump usou “linguagem vulgar”, incluindo a palavra “merda”.
Políticos africanos rotularam Trump como racista pela suposta declaração, enquanto o escritório de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) classificou os comentários como estimuladores de xenofobia.
Respeito à dignidade
El Salvador, outro país insultado nas declarações do presidente americano, também se manifestou em tom indignante. Lendo um comunicado, o presidente salvadorenho exigiu respeito: “El Salvador exige respeito à dignidade de seu povo nobre e valente. As declarações golpeiam a dignidade dos cidadãos salvadorenhos”, disse.
Em Adis Abeba (Etiópia), a União Africana condenou as declarações do mandatário, classificando-as como “perturbadoras”. Ebba Kalondo, porta-voz do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Fak, foi enérgica: “Essas declarações são ainda mais ofensivas dada o número de africanos que chegaram aos Estados Unidos como escravos”.
Já o governo de Botsuana convocou o embaixador americano a explicar por que a nação é considerada um “país de merda”. No Twitter, seu chanceler, Pelonomi Venson-Moitoi, afirmou que a declaração de Trump significa um “golpe pungente” nas relações diplomáticas com Washington.
Segundo um alto funcionário do Departamento de Estado informou nessa sexta-feira, os diplomatas no Haiti e em diversos países africanos receberam um guia sobre como proceder caso convocados a dar explicações.