Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de janeiro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O bosque de cedros
Em 1939, o diplomata japonês Chiune Sugihara, que ocupava um posto na Lituânia durante uma das épocas mais terríveis da humanidade, salvou milhares de judeus poloneses da ameaça nazista, concedendo-lhes vistos de saída. Seu ato de heroísmo foi uma obscura nota de rodapé na história da guerra. Até que os sobreviventes salvos por Sugihara resolveram contar sua história: logo sua coragem e grandeza estavam sendo celebradas, chamando a atenção dos meios de comunicação, e inspirando alguns autores a escrever livros que descreviam como o “Schindler japonês”. Enquanto isso, o governo israelense vinha reunindo os nomes dos salvadores, para recompensá-los pelos seus esforços. Uma das formas que o estado judeu tentava reconhecer sua dívida para com esses heróis consistia em plantar árvores em sua homenagem. Quando a bravura de Sugihara foi revelada, as autoridades israelenses planejaram, como era de costume, plantar um bosque de cerejeiras – árvore tradicional do Japão – em sua memória. De repente, numa decisão incomum, a ordem foi revogada. Decidiram que, em comparação com a bravura de Sugihara, cerejeiras eram um símbolo insuficiente e optaram por um bosque de cedros, mais vigoroso e de conotações mais sagradas, por sido usado no Primeiro Templo. Depois das árvores já plantadas, as autoridades descobriram, que “Sugihara” em japonês, pode ser escrito como… bosque de cedros.
O caminho que leva ao céu
Quando perguntaram ao abade Antonio se o caminho do sacrifício levava ao céu, este respondeu: – Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que mortifica a carne, faz penitência, porque acha que estamos condenados. O homem que o segue, sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz. “O segundo caminho é percorrido por aquele que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como desejamos, reza, faz penitência, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor. Então ele entende que a palavra sacrifício vem de sacro ofício, o ofício sagrado. Neste caso, a Presença Divina o ajuda o tempo todo, e ele consegue resultados no Céu”.
O casulo
O grande escritor grego Nikos Kazantzakis (“Zorba, o Grego”) conta que, quando criança, reparou num casulo preso a uma árvore, onde uma borboleta preparava-se para nascer. Esperou algum tempo, mas – como estava demorando muito – resolveu esquentar o casulo com seu hálito; a borboleta terminou saindo, mas suas asas ainda estavam presas, e morreu pouco tempo depois. “Era necessária uma paciente maturação feita pelo sol, e eu não soube esperar”, diz Kazantzakis. “Aquele pequeno cadáver é, até hoje, um dos maiores pesos que tenho na consciência. Mas foi ele que me fez entender o que é um verdadeiro pecado mortal: forçar as grandes leis do universo. É preciso paciência, aguardar a hora certa, e seguir com confiança o ritmo que Deus escolheu para nossa vida”.
O empregado inteligente
Na época em uma base aérea na África, o escritor Saint-Exupéry fez uma coleta com seus amigos, pois um empregado marroquino queria voltar à cidade natal. Conseguiu juntar mil francos. Um dos pilotos transportou o empregado até Casablanca, e voltou contando o que aconteceu: – Assim que chegou, foi jantar no melhor restaurante, distribuiu generosas gorjetas, pagou bebidas para todos, comprou bonecas para as crianças de sua aldeia. Este homem não tinha o melhor sentido de economia. – Ao contrário – respondeu Saint-Exupéry. – Ele sabia que o melhor investimento do mundo são as pessoas. Gastando assim, conseguiu de novo ganhar o respeito de seus conterrâneos, que terminarão por lhe dar emprego. Afinal de contas, só um vencedor pode ser tão generoso.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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