Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2018
A companhia francesa Lactalis informou que o Brasil não faz parte da lista de 83 países com problemas no leite em pó infantil produzido pela fábrica de Craon, no noroeste da França. A Lactalis é proprietária das marcas Parmalat, Batavo, Elegê e Poços de Caldas.
Em dezembro, a companhia descobriu a bactéria salmonela em lotes do leite produzido em Craon. Até agora, 35 bebês foram contaminados na França, dois na Espanha e há um caso suspeito na Grécia. Em reação, o presidente da Lactalis, Emmanuel Besnier, ordenou o recolhimento de 12 milhões de caixas de produtos em 83 países. A lista completa não havia sido divulgada, mas a assessoria de imprensa da Lactalis na França confirmou que o Brasil não faz parte do grupo de países em risco.
Na noite de domingo, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luiz Eduardo Rangel, informou que a Pasta não havia recebido nenhuma notificação oficial a respeito de eventuais problemas com os produtos da Lactalis. “Não temos nenhum óbice sobre nossos produtos em questões sanitárias”, afirmou.
O presidente-executivo da Lactalis, Emmanuel Besnier, disse à publicação semanal “Journal du Dimanche” que a companhia, uma das maiores produtoras de laticínios do mundo, “pagará indenizações a cada família que foi prejudicada”.
“Em momento algum houve a intenção de esconder as coisas”, ressaltou Besnier, que dirige a empresa desde 2000.
Infecções por salmonella podem ser um risco à saúde. As famílias de crianças que adoeceram na França por causa da contaminação do leite para bebês anunciaram uma série de processos judiciais.
A promessa de Besnier foi feita dois dias após a Lactalis ter ampliado um recall de produtos para cobrir todas as fórmulas infantis feitas em sua fábrica em Craon, independentemente da data de fabricação, em uma tentativa de conter o escândalo que pode prejudicar o estratégico agronegócio francês em mercados estrangeiros.
“É preciso medir a magnitude da operação: são mais de 12 milhões de caixas”, ressaltou.
O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, afirmou em entrevista à BFM TV que “pagar uma indenização é bom, mas o dinheiro não pode comprar tudo.”
O medo se intensificou na semana passada, quando os maiores varejistas da França, incluindo o Carrefour, Auchan e Leclerc admitiram que produtos que sofreram recall em dezembro tinham chegado às prateleiras mesmo assim.
“É trabalho da investigação determinar onde as falhas ocorreram e quem é culpado”, disse Griveaux, acrescentando que “as responsabilidades foram compartilhadas”.
Venda de empresa suspensa no Brasil
A Justiça manteve, na última quinta-feira, a suspensão da venda do laticínio mineiro Itambé para a francesa Lactalis.
A decisão partiu do mesmo juiz que concedeu a liminar no mês passado suspendendo a operação, Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 1ª Vara Empresarial de São Paulo. Foi uma resposta ao pedido de recurso pela CCPR (Cooperativa de Produtores de Leite de Minas Gerais), que vendeu a Itambé para os franceses. Ainda cabe recurso.
Em dezembro, duas semanas após a compra da Itambé pela francesa Lactalis, um negócio estimado em quase R$ 2 bilhões, a Justiça suspendeu a operação.
Na ocasião, quem pediu a liminar para paralisar o negócio foi a Vigor. A empresa era dona de 50% da Itambé até o dia 4 de dezembro, quando a CCPR (dona dos outros 50% da Itambé) exerceu seu direito de preferência de compra e ficou com 100% do laticínio mineiro. A aprovação para o exercício do direito de preferência foi concedida pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em meados de novembro, mas o pagamento foi feito apenas em dezembro, no último dia de prazo.
No dia seguinte à aquisição dos 50%, porém, a CCPR anunciou o acordo de venda da totalidade da Itambé para a francesa Lactalis, uma movimentação que a Vigor considerou como violação do acordo de acionistas, conforme o pedido de liminar aceito pelo juiz.