Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de janeiro de 2018
Depois de três anos com delegações comandadas por ministros, o Brasil voltará ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, com um presidente. Michel Temer deve desembarcar nos Alpes nesta quarta-feira, acompanhado de uma tropa de ministros para conversas com investidores, banqueiros e outros representantes da elite global que todos os anos ao tradicional evento dos Alpes para uma semana de debates sobre os rumos e desafios da economia mundial.
E a principal missão será mostrar o Brasil como um mercado atraente, especialmente para quem quer investir em projetos de infraestrutura. “Temer levará a mensagem de que o Brasil retomou o seu rumo de crescimento e prosperidade, e está cada vez mais preparado para enfrentar os desafios do século 21, um país mais moderno, competitivo, aberto e que hoje oferece excelentes oportunidades de investimento”, frisou o porta-voz da presidência, Alexandre Parola.
Isso, porém, ocorre em um momento delicado. O País acaba de sofrer um novo rebaixamento pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, porque o governo não conseguiu aprovar propostas importantes para o reequilíbrio das contas públicas, especialmente a reforma da Previdência. Além disso, projetos importantes, como a privatização da Eletrobras, enfrentam entraves judiciais. Tudo isso em pleno ano eleitoral. Mesmo assim, integrantes da delegação brasileira estão otimistas.
“Tenho visto muita curiosidade sobre o Brasil este ano. Isso se expressa pela demanda de pedidos de reuniões com o presidente Michel Temer. Podemos dizer que o Brasil voltou a ser um player importante”, afirma o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, que acompanhará a delegação, acrescentando: “É claro que existem problemas, como a reforma da Previdência, mas a economia voltou a crescer, a inflação caiu e há clareza de um compromisso com a responsabilidade fiscal”.
Em sua conta no Facebook, o ministro aproveitou a oportunidade para reforçar que Temer dará “uma mensagem singela e curta de que o Brasil voltou”: “Retornamos a Davos para dizer que enfrentamos a mais grave crise econômica de nossa história, superamos a recessão, baixamos a inflação de mais de 10% para 2,9%, abaixo do piso”.
Previdência
Temer também estará acompanhado dos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e de Minas e Energia, Fernando Coelho. Meirelles, possível candidato à Presidência, deve enfrentar questionamentos sobre sua intenção de disputar as urnas. E ele não será o único presidenciável em potencial. O prefeito de São Paulo, João Doria, também vai aos Alpes. A capital paulista vai sediar, em março deste ano, a edição latino-americana do Fórum Econômico, que sempre faz uma reunião voltada para a economia regional. No ano passado, o evento ocorreu em Buenos Aires.
No encontro, Temer apresentará a investidores o programa Avançar Parcerias. De acordo com o Palácio do Planalto, o programa já permitiu a conclusão de mais de 70 projetos que representam investimentos de R$ 142 bilhões. Em 2018, outros 75 projetos serão ofertados, com expectativa de captação de mais de R$ 130 bilhões. O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, também estará presente para explicar a operação envolvendo a venda da estatal, assim como o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
Em seus encontros, Temer e Meirelles vão ainda destacar indicadores positivos da economia, como a inflação de 2,95%, abaixo da meta, a taxa básica de juros de 7% e o Ibovespa registrando recorde de 81 mil pontos, além da retomada do mercado de trabalho. Na agenda do presidente está a participação em um debate sobre as reformas do país (“Diálogos estratégicos sobre o Brasil”) e em um jantar com investidores e diretores executivos.
Meirelles, por sua vez, pretende dar destaque especial à importância da reforma da Previdência em seus encontros no Fórum. Com a votação marcada para 19 de fevereiro na Câmara, a mudança no regime de aposentadorias no país é uma das medidas consideradas mais importantes para o reequilíbrio das contas públicas.
O ministro vai reforçar este discurso em um dos painéis dos quais vai participar em Davos, cujo nome é “Vamos viver até os 100 anos, mas vamos conseguir arcar com isso?”. O objetivo do debate é justamente discutir como os países estão lidando com o aumento da expectativa de vida da população e com o aumento dos custos com benefícios sociais e seus sistemas de saúde.