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Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2018
Pela primeira vez na história, médicos realizaram um segundo transplante de rosto em uma mesma pessoa. O paciente francês, Jérôme Hamon, 40 anos, sofre de uma doença genética degenerativa que deforma as feições, a neurofibromatose. Ele havia sido operado pelo mesmo médico em 2010, ganhando o rosto de uma pessoa mais velha. Passados sete anos, o transplante começou a apresentar “rejeição crônica”, com a multiplicação de zonas necrosadas pelo rosto.
Para evitar riscos ao homem, a equipe removeu, em 30 de novembro passado, a face que havia sido transplantada. Ele permaneceu internado na unidade de terapia intensiva – para evitar infecções. Os médicos o deixaram em coma induzido – sem rosto – por quase dois meses, enquanto esperavam por um doador viável. Quando encontraram o doador.
Em 15 de janeiro, ele foi submetido a uma nova operação. “O estado ainda é delicado, mas o paciente apresenta uma evolução favorável”, explicou à Ansa o cirurgião italiano Francesco Wirz, integrante da equipe de Lantieri. A segunda intervenção durou 19 horas.
A façanha foi realizada pelo Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris, na França, graças a uma equipe comandada pelo cirurgião Laurent Lantieri.
Os cientistas e cirurgiões duvidavam que um segundo transplante de rosto poderia dar certo. “Esse transplante mostra pela primeira vez que o retransplante de rosto é uma possibilidade em casos de rejeição crônica. No entanto, existe uma série de variantes, como a condição imunológica dos pacientes, para que o procedimento dê certo”, comunicou o hospital.
Casos
Menos de 40 pessoas já receberam transplante de rosto no mundo, sendo que a maioria tinha traumas no rosto por conta de queimadura, doenças ou condições genéticas. Pelo menos seis pacientes morreram após a cirurgia, que pode trazer problemas, já que o corpo não reconhece o enxerto e passa a rejeitá-lo.
A francesa Isabelle Dinoire foi a primeira paciente a receber um transplante de rosto em 2005. Na época, a mulher de 38 anos teve seu rosto desfigurado por uma mordida de seu cachorro. Ela morreu no ano passado de câncer causado pelas drogas de imunossupressão, usadas para prevenir que o corpo rejeitasse o transplante.
Ainda que a cirurgia tenha um alto risco, a medicina registra casos bem-sucedidos, como o do bombeiro Patrick Hardison, que passou por um complexo transplante de rosto em 2015. Um ano depois do procedimento, ele disse que o transplante o fez se “sentir um cara normal”.
Desde 2005, pelo menos 37 transplantes de rosto já foram realizados no mundo, sendo 11 na França – oito deles conduzidos por Lantieri.