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Por Redação O Sul | 18 de fevereiro de 2018
Enquanto torcem para que o STF (Supremo Tribunal Federal) conceda um habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, petistas próximos ao líder do partido discutem o que fazer caso ele vá para a prisão – o que pode ocorrer já no mês que vem.
O debate ainda não foi colocado formalmente para deliberação pela cúpula da legenda, mas um grupo restrito formado por dirigentes, parlamentares, ex-ministros e líderes de movimentos sociais tem conversado sobre quais ações podem ser postas em prática enquanto o político que governou o País por dois mandatos consecutivos (2003 a 2010) estiver encarcerado.
As discussões vão desde a estratégia eleitoral em caso de impedimento de Lula até mobilizações de rua, campanhas na internet e o comportamento do próprio ex-presidente atrás das grades. Segundo interlocutores, o ex-presidente não vai reconhecer “moralmente” a condenação a 12 anos e 1 mês de reclusão, imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre). A previsão é de que ele não deve ser um preso dócil e “vai dar trabalho”.
Alguns petistas chegam a falar de greve-de-fome, mas auxiliares mais próximos garantem que Lula nunca cogitou a hipótese. Em 1980, durante a ditadura militar, ele ficou seis dias sem comer quando foi preso por liderar uma paralisação de 41 dias dos metalúrgicos do ABC Paulista. Mas em 2005, em sua primeira gestão à frente do Palácio do Planalto, Lula criticou essa forma de protesto quando o bispo Luiz Flávio Cappio fez uma greve de fome contra a transposição do rio São Francisco. “Greve-de-fome é judiar do próprio corpo”, disse Lula na ocasião.
Algumas iniciativas têm sido tomadas à revelia do ex-presidente. No dia 1.º de fevereiro a FPB (Frente Brasil Popular), formada por cerca de 200 movimentos sociais ligados ao PT e ao PCdoB, aprovou uma proposta do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para a realização de um acampamento na frente da casa do petista, em São Bernardo do Campo (SP), a partir desta semana.
O objetivo seria constranger a PF (Polícia Federal) ou mesmo impedir o cumprimento de um eventual mandado de prisão contra o líder do PT. Ocorre, entretanto, que Lula não foi consultado e integrantes da direção da Frente acham pouco provável que a proposta seja colocada em prática.
Já alguns dirigentes da sigla sugeriram a realização de uma vigília em frente à prisão em Curitiba (PR) para onde o ex-presidente pode ser levado. Um grupo de parlamentares petistas propõe organizar caravanas diárias para visitar Lula e, assim, propagar as mensagens do petista para fora da cadeia e manter o seu nome em evidência. Por outro lado, muitos aliados consideram difícil a manutenção de grandes mobilizações populares a favor do ex-presidente.
Reação
Segundo auxiliares e pessoas que estiveram com Lula nos últimos dias, ele está tranquilo e mantém o bom humor. Em caso de prisão, ele ainda não definiu se vai se entregar ou então esperar a chegada da PF em casa. Uma coisa, no entanto, é certa para ele e milhares de simpatizantes: a eventual perda de sua liberdade será um ato político cujo objetivo é retirá-lo da disputa presidencial.
Em três anos de investigações, ele tem dito que os responsáveis pela Operação Lava-Jato não conseguiram desmoralizá-lo perante o eleitorado e demais apoiadores. De fato, o seu nome figura no topo das mais recentes pesquisas de intenção de voto para o pleito de 2018.
Enquanto isso, os petistas se mobilizam para tentar convencer o plenário do STF a aceitar o habeas corpus de Lula. O ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence, recém incorporado à defesa do petista, tem circulado pelos gabinetes da Corte. O périplo começou no mesmo dia 6 de fevereiro em que a sua inclusão foi anunciada, quando houve a posse do ministro Luiz Fux na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Depois da entrada de Pertence na equipe de defesa, o clima de pessimismo foi substituído por um otimismo, ainda que controlado. “Apesar de todos sinais contrários, ainda tenho esperança de que vai se fazer justiça nas Cortes superiores. Não aceito a normalização da prisão do Lula”, disse o deputado Wadih Damous (PT-RJ).
O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência Gilberto Carvalho, o advogado e ex-deputado Sigmaringa Seixas, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha também foram escalados.