Terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2015
Para enfraquecer Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem imposto derrotas ao Palácio do Planalto e terá o controle da Câmara dos Deputados em caso de processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, o governo conta com uma denúncia contra o peemedebista na Operação Lava-Jato, o que pode ocorrer nos próximos dias.
A novidade seria um depoimento do executivo Júlio Camargo, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O próprio Cunha já confidenciou a aliados que espera ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e promete retaliar o Planalto.
O deputado federal, assim como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atribui sua investigação a uma ação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A cúpula do Congresso queixa-se de que o governo Dilma não fez nada para impedir inquéritos contra eles.
Nesta terça-feira (14), Cunha avisou ao vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), que irá instalar CPIs prejudiciais ao governo na volta do recesso parlamentar. São elas: a do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e a dos fundos de pensão.
Preocupado, Temer conversou com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o informou das intenções de Cunha. Mercadante procurou o presidente da Câmara para tentar apaziguar os ânimos e rechaçar qualquer tipo de interferência do governo na Lava-Jato. Cunha, no entanto, tem dito a aliados que a denúncia contra ele vai ter efeito oposto, prometendo “aumentar a pressão” sobre o governo. Junto ao PMDB na Câmara, ele diz ainda que vai articular a convocação de Mercadante e Edinho Silva (Comunicação Social) na CPI da Petrobras.
Os ministros foram citados na delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC. Ele disse ter dado dinheiro proveniente de caixa dois a Mercadante em 2010 e ter sido pressionado por Edinho a contribuir com a campanha de 2014 de Dilma em troca de obras na Petrobras. Os petistas negam as irregularidades.
Em outra frente, Cunha vai dar início à apreciação de contas presidenciais de anos anteriores para abrir caminho para a análise das contas de 2014 de Dilma. O TCU (Tribunal de Contas da União) deve rejeitar as contas da petista.
Propina
O doleiro Alberto Youssef declarou à Justiça Federal que Cunha foi o “destinatário final” da propina paga pelo aluguel de navios-sonda para a Petrobras em 2006. O assunto é alvo de uma ação penal a que respondem Youssef e outras três pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Também são réus o lobista Fernando Baiano, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o empresário Júlio Camargo, que teria intermediado o contrato. (Folhapress)