Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de março de 2018
Em seu depoimento à PF (Polícia Federal), a arquiteta Maria Rita Fratezi disse que não se sente em condições de fornecer qualquer esclarecimento sobre uma obra de alto custo que o seu escritório realizou na casa da psicóloga Maristela Temer, uma das filhas do presidente Michel Temer, em São Paulo. Ela é mulher do ex-coronel da Polícia Militar João Batista Lima Filho – um dos amigos do emedebista presos na quinta-feira pela Operação Skala – e também sócia de Lima na empresa PDA, que realizou a obra.
A investigação apontou que, no caso dessa reforma, feita pela empresa dela e do marido, “há informações sobre pagamentos de altos valores em espécie”. Maria Rita, no entanto, garantiu que não participa da gestão dos negócios do marido e que, por isso, não tem como fazer declarações sobre o assunto.
Ela foi ouvida no âmbito do inquérito que investiga se Temer beneficiou indevidamente, no ano passado, com a edição de um decreto favorável a empresas do setor portuário.
Na operação, foram presas dez pessoas, dentre elas amigos próximos de Temer como o advogado e ex-assessor do presidente José Yunes, o ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal Wagner Rossi e o próprio Coronel Lima.
O depoimento do oficial aposentado estava previsto para esse sábado mas ele alegou que, por motivos de saúde e “falta de condições emocionais”, permaneceria em silêncio.
Depoimento curto
A arquiteta chorou durante o depoimento, que foi “curto e pouco produtivo”, segundo fontes ligadas ao inquérito. Ela não respondeu de forma satisfatória às perguntas sobre as suspeitas relacionadas à obra na residência da filha de Temer.
Um dos fornecedores que trabalharam na reforma havia relatado ter recebido R$ 100 mil em dinheiro-vivo pelos serviços. O imóvel investigado pela PF é uma casa de de 350 metros quadrados e alto padrão no bairro nobre de Alto de Pinheiros. Maristela Temer comprou o imóvel em 2011 e a obra foi realizada três anos depois.
Rodrimar
Outro dos presos na Operação Skala, o dono da empresa Rodrimar, Antônio Celso Grecco, relatou em seu depoimento à Polícia Federal, na quinta-feira, uma frase que teria ouvido do então vice-presidente Michel Temer sobre a concessão de áreas no porto de Santos: “Vou ver o que posso fazer”.
Em uma oitiva anterior à PF, prestada em dezembro de 2017, Grecco afirmou que não havia discutido questões do setor portuário com Michel Temer. Em janeiro deste ano, ao responder questionário formulado pela PF, o chefe do Executivo federal negou que tenha tratado do assunto com Grecco.
Na noite de sexta-feira, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou uma nota afirmando que “autoridades tentam criar narrativas que gerem novas acusações contra o presidente Michel Temer, com o objetivo de retira-lo da vida pública”.