Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de abril de 2018
O ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, afirmou que os comentários do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, publicados na terça-feira (03) no Twitter foram no sentido contrário ao uso da força e que a população “pode ficar tranquila” em relação ao teor do que foi dito.
Sem citar o julgamento do habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no STF (Supremo Tribunal Federal), o comandante do Exército fez comentários em “repúdio à impunidade”. Em duas mensagens consecutivas publicadas no Twitter, o general indaga se há quem pense “no bem do País”.
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, disse na primeira mensagem. Logo depois, em novo post, questionou: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.
O ministro interino da Defesa também afirmou que o general Villas Bôas tem mostrado coerência, que é uma marca da sua gestão. “Ele tem preocupação com preceitos constitucionais. E valoriza nossas bases, que são os anseios do povo, o legado em termos de valores para as gerações futuras. A mensagem é que a população pode ficar tranquila, pois as instituições estão aqui. Não é uma mensagem de uso da força. É o contrário”, ressaltou o ministro.
Houve reação à fala de Villas Bôas. A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que o respeito à Constituição implica na “garantia da presunção da inocência”. “Assim como afirma o general Villas Bôas, nós do PT defendemos o combate à impunidade e o respeito à Constituição, inclusive no que diz respeito ao papel das Forças Armadas. E o respeito à Constituição implica na garantia da presunção de inocência”, disse Gleisi em publicação no Twitter.
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot também comentou as publicações do comandante do Exército. “Isso, definitivamente, não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente”, disse Janot.
O juiz Marcelo Bretas, responsável pelo julgamento dos casos da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, disse que compartilha do “repúdio à impunidade” e do “respeito à Constituição”, mas que não se pronuncia sobre insinuações. “Reafirmo meu respeito pelo Exército Brasileiro e pelas demais Forças, além de que compartilho dos valores enunciados na mensagem referida (repúdio à impunidade, respeito à Constituição, à paz social e à Democracia). Contudo, não me pronuncio sobre as insinuações que dela derivaram”, afirmou o juiz no Twitter.