Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de abril de 2018
A PF (Polícia Federal) deflagrou nessa terça-feira (10) a Operação Tira-Teima, que atinge pessoas ligadas ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). A ação é baseada na delação premiada de um ex-executivo da empresa Hypermarcas, que confessou ter repassado propinas para integrantes da cúpula do partido. Ao todo, estão sendo cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Goiânia, Fortaleza e São Paulo.
De acordo com a delação de Nelson Mello, ex-diretor da Hypermarcas, o presidente do Senado recebeu ajuda financeira de campanha quando disputou o governo do Ceará, em 2014. O ex-executivo disse que, em meio às eleições, o lobista Milton Lyra o avisou que seria procurado por um “portador de Eunício Oliveira” para ajudar financeiramente na campanha do emedebista.
O delator ainda relatou que, às vésperas das eleições de 2014, reuniu-se com um sobrinho de Eunício. Nesse encontro, ficou combinado que a Hypermarcas destinaria 5 milhões de reais à campanha do atual presidente do Senado. Uma parte desses recursos foi destinada a bancar ” despesas de empresas que prestavam serviços à campanha de Eunício Oliveira” por meio de “contratos fictícios”.
As empresas Confirma Comunicação e Estratégia e Campos Centro de Estudos e Pesquisa de Opinião receberam 3,35 milhões de reais. O restante foi desembolsado pela Hypermarcas a partir de uma nota fiscal emitida no valor de 1,65 milhões de reais apresentada pela Confederal, empresa de segurança privada controlada por Eunício.
O presidente do Senado nega qualquer irregularidade. “Até este momento, nenhuma empresa ou pessoa ou ligada ao senador foi abordada pela Polícia Federal”, disse a assessoria de imprensa de Eunício Oliveira. Em nota, a Hypermarcas confirma que houve buscas em seu escritório, em São Paulo, para colher “documentos relacionados à colaboração” de Nelson Mello. A Ccmpanhia reitera que não se beneficiou de “quaisquer atos praticados” pelo seu ex-executivo.
Denúncias contra amigos de Temer
O juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, aceitou na segunda-feira a denúncia contra nove pessoas acusadas de atuarem no chamado “quadrilhão do PMDB”. Agora, eles viraram réus. O caso é um desdobramento da segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer (PMDB), que foi rejeitada pela Câmara do Deputados no ano passado.
Após a decisão da Câmara, o STF remeteu para a primeira instância a parte da investigação envolvendo os políticos que perderam o foro privilegiado, como os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, o deputado cassado Eduardo Cunha, além do ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Também foram denunciados os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral) e o operador financeiro do PMDB, Lúcio Funaro.
Além das investigações da PGR, a Procuradoria da República no DF, por meio da força-tarefa da Operação Greenfield aditou a acusação e incluiu, mais cinco nomes, entre eles dois amigos de Temer: o advogado José Yunes e o coronel da PM reformado João Baptista Lima Filho. Com a decisão desta segunda, alguns dos principais aliados de Temer passam a responder na Justiça por suspeita de integrar uma organização criminosa que teria atuado no núcleo do PMDB da Câmara, liderado por Temer.
A assessoria do empresário Milton de Oliveira Lyra Filho encaminhou uma nota de esclarecimento:
Nota de esclarecimento
O empresário Milton de Oliveira Lyra Filho nega categoricamente as afirmações atribuídas à delação do executivo Nelson Mello e desmente que em qualquer circunstância tenha se apresentado ou agido em nome de qualquer parlamentar nas falsas situações descritas como confissão de Mello.
Assessoria de imprensa de Milton de Oliveira Lyra Filho