Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2018
A prisão preventiva de Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, foi mantida em audiência de instrução desta quarta-feira (11), na 5ª Vara Federal de São Paulo. A juíza Maria Isabel do Prado concluiu que é necessário mantê-lo atrás das grades para permitir que 17 testemunhas do caso colaborem com tranquilidade.
Conhecido como Paulo Preto, ele está preso desde a última sexta-feira (6). Segundo a juíza, uma das testemunhas mudou radicalmente o depoimento, o que pode ter ocorrido por pressão, e várias delas são funcionárias da Dersa.
A defesa de Paulo, representada pelos criminalistas Daniel Bialski e José Roberto Santoro, contesta a decisão que manteve a prisão. Os advogados afirmam que o cliente é inocente e que entrarão com pedido de habeas corpus.
Ameaças
O ex-diretor da Dersa e operador do PSDB em São Paulo foi preso por ter tentado coagir a principal colaboradora de outro processo a que ele responde na Justiça paulista, segundo o MPF (Ministério Público Federal). Em audiência de custódia, ele disse não conhecer quem o acusa e ironizou o fato de ser chamado como operador do partido.
“Se tenho culpa, vou ter que responder como cidadão, mas hoje sou o grande cara de São Paulo, operador do PSDB… Sou nem do partido. Sou nem filiado. Sou exposto na mídia como bandido. Fui engenheiro do ano, capa de oito revistas e tenho minha vida jogada a zero”, reclamou ele, para depois dizer que só foi demitido da Dersa, em 2010, porque o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman não gostava dele. “Fui demitido porque o doutor Goldman não gosta de mim, porque ele acha que sou arrogante, vaidoso e super-homem.”
Na ação, que foi apresentada recentemente à juíza Maria Isabel, ele foi acusado de incluir quase 1,8 mil falsos beneficiários de desapropriações em função das obras do trecho Sul do Rodoanel, da avenida Jacu-Pêssego e das obras de ampliação da Marginal Tietê. Foi durante o governo do tucano José Serra (PSDB), a quem Vieira é ligado. O prejuízo foi estimado em R$ 7,7 milhões, entre 2009 e 2011.
Além de Vieira, também foi expedido mandado de prisão contra José Geraldo Casas Vilela, que se entregou na tarde desta sexta-feira. Segundo o MPF, ambos são acusados por uma pessoa também investigada no processo de ameaças veladas, uma delas com violência física.
O MPF só chegou à informação sobre a fraude graças à colaboração de uma ex-funcionária da Dersa e sua irmã, que contam aos procuradores como funcionava o esquema. Elas inseriam falsos beneficiários nas planilhas, usavam parentes para receber recursos e entregam valores a pessoas de confiança de Paulo Preto.
Em depoimentos ao MPF, a ex-funcionária contou ter recebido ameaças do ex-diretor da Dersa por pelo menos três vezes, sempre por meio de pessoas interpostas. Segundo o relato, ela sofreria represálias no órgão e também na vida pessoal, caso levasse adiante as denúncias contra seu grupo. Com medo, a colaboradora disse mudar de casa com frequência, em função das ameaças.