Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de abril de 2018
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciaram nesta sexta-feira (27) que concordaram em retirar todas as armas nucleares da península coreana. Eles também pretendem assinar um acordo de paz até o fim deste ano.
Os países afirmaram que pretendem envolver os Estados Unidos e a China para converter o atual armistício em um acordo de paz. A declaração não especifica como funcionará o processo de desnuclearização da península Coreana. No passado, os norte-coreanos já disseram que só poderiam abrir mão de suas armas nucleares quando os EUA retirassem os seus 28 mil soldados da Coreia do Sul. Os países também anunciaram que em agosto irão organizar uma nova reunião entre famílias separadas desde a guerra na península.
Encontro histórico
De mãos dadas, o ditador da Coreia do Norte e o presidente da Coreia do Sul cruzaram a linha demarcatória na zona desmilitarizada na península Coreana para a primeira cúpula entre os países em 11 anos.
Em um encontro cheio de símbolos em Panmunjom, a vila de casas azuis na zona desmilitarizada que serve de sede às negociações intercoreanas, os dois se cumprimentaram às 9h20min desta sexta no horário local (21h20min de quinta em Brasília), até que Kim puxou Moon de improviso para o lado norte-coreano para cruzar a linha de volta com ele.
Foi a primeira vez em que um líder norte-coreano atravessou a divisa desde a Guerra da Coreia, iniciada em 1950 e nunca oficialmente encerrada (em 1953, os dois países assinaram um armistício). “Fico feliz em conhecê-lo”, disse o presidente sul-coreano ao ditador. Ambos sorriram.
Os líderes foram acompanhados por uma banda militar até a Casa de Paz, onde foi assinado o armistício de 1953. No livro de visitas, Kim escreveu: “Uma nova história começa agora, o ponto de partida de uma era de paz.”
Eles posaram para fotografias e entraram em uma sala, onde fizeram declarações rápidas à imprensa antes de iniciarem a etapa das negociações de portas fechadas.
“Estamos na linha de largada, onde uma nova história de paz, prosperidade e relações intercoreanas é escrita”, disse Kim, pedindo a Moon que não se repitam os erros de negociações passadas: “Em vez de criar resultados que não seremos capazes de manter, devemos ter resultados vindos de uma conversa franca sobre diferentes temas de interesse”.
“Espero que sejamos capazes de falar francamente e chegar a um acordo que dê um grande presente aos coreanos e às pessoas em todo o mundo que desejam a paz”, respondeu Moon. O encontro é o ápice da distensão iniciada com um discurso de 1º de janeiro por Kim e continuada com a participação de atletas do Norte e de uma equipe mista na Olimpíada de Inverno no Sul, na qual Kim Yo-yong, irmã do ditador, assistiu à cerimônia de abertura.
O movimento segue-se a um 2017 em que o regime fez o mais potente de seus testes nucleares e lançou um míssil de alcance intercontinental, causando temor em Seul e levando os EUA a reforçarem as suas tropas na região.