Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2018
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reajustou nesta segunda-feira (30) em 95,4% o salário mínimo, em meio a uma hiperinflação que devora a renda dos venezuelanos.
Trata-se do terceiro reajuste do ano, que coloca o salário em 2.555.500 bolívares, equivalentes a 37 dólares pela cotação oficial e a 3,2 dólares no mercado paralelo.
A renda mínima inclui o salário (1.000.000) e um bônus de alimentação (1.555.500).
O presidente também anunciou que nesta terça-feira (1º), por motivo do Dia do Trabalhado, entregará um bônus aos funcionários públicos de 1.500.000 bolívares (21,5 dólares pela taxa oficial e quase 2 dólares no mercado paralelo).
Apesar do elevado reajuste, com a renda mínima se consegue comprar hoje apenas dois quilos de frango, em um contexto de hiperinflação que pode superar os 13.800% este ano, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional).
“Em tempo de revolução, como nunca antes na história, a política que o comandante Hugo Chávez impulsionou desde sempre e que eu aperfeiçoei, é cuidar da classe trabalhadora (…), cuidar permanentemente de sua renda”, disse o presidente socialista.
Maduro, candidato à reeleição na votação antecipada de 20 de maio, reajustou a renda mínima cinco vezes em 2017.
Economistas como Jesús Casique criticam os constantes ajustes salariais, por considerar que aumentam o custo de vida e não são acompanhados de um “plano anti-inflacionário” e de “disciplina fiscal e monetária”.
O candidato opositor nas eleições presidenciais, Henri Falcón, criticou o aumento, garantindo que “não é proporcional aos níveis de hiperinflação”.
“Este é o único país onde os habitantes se entristecem com um aumento, porque em questão de segundos se pulveriza. A dolarização do salário garante o valor do trabalho”, escreveu no Twitter, reiterando sua proposta de iniciar seu governo com um salário mínimo de 75 dólares.
Cerca de 13 milhões de trabalhadores recebem salário mínimo ou o chamado “cesta ticket” em uma população economicamente ativa de 19,5 milhões, segundo o governo.
Inflação
A inflação na Venezuela chegou a 8.878,1% nos últimos 12 meses, segundo um estudo do Parlamento de maioria opositora divulgado no início de abril.
De acordo com o relatório, o índice de preços em março passado aumentou 67%, abaixo dos 80% relatados pela Assembleia Nacional para fevereiro.
A inflação acumulada nos três primeiros meses de 2018 chegou a 453,7%, disse o presidente da Comissão de Finanças do Legislativo, Rafael Guzmán, em entrevista coletiva.
Os alimentos básicos continuam sendo a categoria que mais pesa sobre a alta do custo de vida – os preços praticamente duplicaram em março – acrescentou Guzmán, que prevê que “a cifra para abril vai ser muito maior”.
Desde o ano passado, o Parlamento reporta o índice inflacionário diante da falta de dados do governo do presidente Nicolás Maduro, que garante que a inflação é induzida como parte de uma “guerra econômica” para derrubá-lo.