Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2018
Nessa terça-feira, a Justiça da Austrália condenou o arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, acusado de encobrir abusos sexuais cometidos por um padre contra menores durante a década de 1970. Wilson poderá pegar uma pena de dois anos de prisão.
Depois de pagar fiança, ele foi colocado em liberdade até a audiência em que será definida a sua sentença, no dia 9 de junho. A procuradoria, no entanto, pedirá que o arcebispo seja mantido em prisão preventiva.
Em seu veredito, o juiz Robert Stone afirmou que Wilson é culpado por não relatar à polícia os abusos contra dois meninos no altar de uma igreja em Hunter Valley, ao norte de Sydney. O crime foi atribuído ao sacerdote James Fletcher.
Wilson, 67 anos, declarou-se inocente e disse estar decepcionado com a condenação. Durante o seu depoimento, prestado no mês passado, o religioso – que já manifesta os primeiros sintomas do mal-de-Alzheimer mas não toma medicação para a doença – pediu que terceiros o ajudassem a relembrar detalhes do incidente.
O procurador Gareth Harrison alegou que o arcebispo atuou para encobrir os episódios, com um objetivo: proteger a imagem da Igreja Católica. Segundo a imprensa de seu país, trata-se do mais alto membro da Igreja a ser condenado nesse tipo de crime.
James Fletcher, o padre que teria assediado os garotos, morreu na prisão, em 2006. Ele havia sido declarado culpado em nove casos de abuso sexual contra menores e cumpria uma sentença de quase 8 anos de cadeia.
Outro episódio
No início do mês, também na Austrália, o cardeal George Pell – que já foi um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco – começou a ser julgado por abuso sexual. Nunca na história da Igreja Católica um detentor do cargo havia sido processado por esse tipo de crime.
As denúncias se referem aos anos de 1970 e 1980 em Ballarat, na Austrália, sua terra natal, além de outros relatos em Melbourne na década de 1990, quando Pell era arcebispo. O cardeal, que alega inocência, também responde por acobertamento de padres pedófilos.
No início do pontificado de Francisco, Pell foi escolhido para integrar a comissão católica que estudou a reforma da Cúria. Depois, ele foi designado para a área financeira do Vaticano – ele já foi criticado por gastar muito dinheiro com passagens aéreas de primeira classe.
Para o papa, George Pell se tornou um problema sério que ameaça a credibilidade do seu pontificado, segundo analistas. Interlocutores do pontífice relatam, no entanto, que ele optou por esperar o encerramento do processo para afastar em definitivo o ex-conselheiro da Igreja.