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Por Redação O Sul | 22 de maio de 2018
O governo russo não patrocinou o doping dos atletas da seleção de futebol do país, que sediará a Copa do Mundo no mês que vem. A conclusão foi divulgada nesta terça-feira (22) pela Fifa, e é uma vitória política do presidente Vladimir Putin.
A entidade que dirige o futebol mundial apresentou suas conclusões à Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês), que as referendou e concordou em encerrar a investigação sobre o time russo.
A apuração começou quando estourou o escândalo de dopagem de atletas olímpicos da Rússia, a partir dos relatórios do investigador canadense Richard McLaren, da Wada. Ele atestou um grande esquema segundo o qual o próprio governo russo favorecia o uso de substâncias ilícitas parar a melhoria de desempenho dos esportistas.
Com isso, 111 atletas do país foram excluídos dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, e a Rússia foi banida de competir como país na Olimpíada de Inverno de 2018, na Coreia do Sul. Seus atletas não sancionados, contudo, puderam disputar a competição sob a bandeira olímpica.
A Fifa procedeu diversas checagens do time russo de futebol, durante a Copa das Confederações do ano passado e em jogos amistosos, como na partida em que o Brasil derrotou a seleção por 3 a 0, ocorrido em março em Moscou.
Segundo a entidade, todas as amostras deram negativo e não apresentaram suspeitas de contaminação para disfarçar doping. Os resultados foram divididos com a Wada e também com Grigori Rodchenkov, o médico russo que administrava o doping estatal e depois denunciou o esquema.
A decisão é um alívio para Putin, que poderia enfrentar a vergonha política de ter seu time punido na Copa em casa. Na Rússia, aliados do Kremlin costumam pintar as investigações de doping contra o país como parte de uma campanha ocidental para desestabilizar o governo do presidente, reeleito para um quarto mandato em março.
Putin, por sua vez, agiu de forma mais cautelosa. Após aderir ao discurso de que seria humilhante ver seus atletas olímpicos banidos, o presidente adotou uma postura cooperativa. Os cerca de mil casos suspeitos de doping ocorreram principalmente no período que antecedeu a Olimpíada de Inverno de Sochi, cidade russa na qual a seleção brasileira ficará concentrada na fase inicial da Copa.
A prática de doping patrocinado pelo Estado era muito comum nos tempos em que a União Soviética e os países do bloco comunistas disputavam prestígio com os capitalistas do Ocidente, sendo notórios casos envolvendo atletas da antiga Alemanha Oriental.