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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2018
A cinco meses da eleição, os pré-candidatos a presidente Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) trocaram na quarta-feira (23) os primeiros ataques públicos. O confronto deve se repetir durante a campanha, já que o tucano e o ex-capitão do Exército prometem competir pelo discurso conservador para uma mesma fatia do eleitorado. A primeira crítica partiu de Alckmin, comparando seu adversário ao PT.
“O Bolsonaro e o PT são a mesma coisa. É corporativismo puro. Não tem interesse coletivo, é defesa de corporação”, afirmou Alckmin, quando provocado a comentar a superioridade de Bolsonaro nas pesquisas em São Paulo. “Ele votou igual ao PT em todas as pautas econômicas.” O tucano se referia ao fato de Bolsonaro ter votado no Congresso, nos anos 1990, contra medidas de implantação do Plano Real.
A resposta de Bolsonaro não demorou, e veio no terreno onde ele se sente mais à vontade: as redes sociais. Em seu perfil no Twitter, o pré-candidato do PSL disparou acusações contra o partido do ex-governador. “Geraldo Alckmin me rotula de atrasado por meus votos no passado. Um dos votos que mais me orgulha foi o contra a reeleição de FHC. Não aceitei a propina do seu partido PSDB. Concluo, Sr. Alckmin, estou aguardando alguém da sua laia me chamar de corrupto.” Bolsonaro escreveu, resgatando as denúncias de compra de votos na Câmara dos Deputados para aprovação da emenda constitucional que passou a permitir a reeleição, em 1997.
Estagnado nas pesquisas e sob desconfiança de alguns aliados nas últimas semanas, Alckmin não demorou a rebater Bolsonaro. Desta vez, o tucano também usou o Twitter: “Bolsonaro se irritou quando revelei que vota com o PT em pautas econômicas há décadas, inclusive contra o Plano Real. Em resposta, fugiu do assunto. Fez acusações irresponsáveis ao meu partido, de forma grosseira”.
Liderando todas as pesquisas de intenção de votos nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aparece na lista de candidatos, Bolsonaro tem se tornado alvo preferencial de seus adversários. Estrategistas das campanhas presidenciais acreditam que polarizar o debate com o presidenciável do PSL pode ajudar a alavancar nomes que ainda não atingiram dois dígitos nas pequisas.
Na terça-feira (22), Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, acusou Bolsonaro de ser “candidato a ditador do Brasil” e avaliou que ele apresenta “soluções toscas” e, portanto, é “uma promessa certa para a crise”. O pedetista declarou que Bolsonaro é seu adversário favorito para enfrentar num segundo turno.
“Silenciador”
Com o objetivo de aumentar suas intenções de votos, Bolsonaro mudou o discurso. “Vou continuar atirando, mas agora com silenciador”, destacou o deputado. A estratégia partiu de uma equipe de parlamentares aliados de Bolsonaro que busca dissociar o presidenciável de discussões envolvendo temas como racismo, homofobia, machismo e tortura. O parlamentar, no entanto, afirmou que, “se querem o jairzinho paz e amor, não vão ter. Eu não pago marqueteiro”.
De acordo com pesquisa realizada pelo instituto MDA para a CNT (Confederação Nacional dos Transportes), divulgada no dia 14 de maio, Bolsonaro assegura a segunda posição, com 16,7% dos votos na modalidade estimulada, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com Lula 32,4%. Na sequência aparecem Marina Silva, da Rede (7,6%), Ciro Gomes, do PDT (5,4%), Geraldo Alckmin, do PSDB (4,0%), Álvaro Dias, do Podemos (2,5%), Fernando Collor, do PSC (0,9%), Michel Temer, do MDB, com 0,9 (ele não é mais pré-candidato), Guilherme Boulos, do Psol (0,5%), Manuela D´Ávila, do PCdoB (0,5%), João Amoêdo, do Partido Novo (0,4%), Flávio Rocha, do PRB (0,4%), Henrique Meirelles, do MDB (0,3%), Rodrigo Maia, do DEM (0,2%), Paulo Rabello de Castro, do PSC (0,1%), Branco/Nulo 18,0%, Indecisos 8,7%.