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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2018
A América Latina precisa pensar seriamente em legalizar as drogas para diminuir o custo humano da proibição, disse a chefe de uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para a região. Dezenas de milhares de pessoas de toda a América Latina morreram em decorrência da violência gerada pelo esforço para controlar o lucrativo comércio de narcóticos, particularmente no México, onde os assassinatos cometidos por cartéis rivais atingiram um recorde no ano passado.
Alicia Barcena, mexicana que comanda a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), braço regional da ONU sediada em Santiago, disse em um fórum sobre a América Latina realizado em Paris que é hora de explorar uma nova estratégia.
“Serei muito provocadora. A legalização das drogas seria boa para quem? A América Latina e o Caribe, pelo amor de Deus. Porque a ilegalidade é o que está matando as pessoas. É hora de cogitar seriamente legalizar as drogas.”
Peru, Colômbia e Bolívia são os maiores produtores da folha de coca usada para fazer cocaína, grande parte da qual é contrabandeada pelo México para chegar aos Estados Unidos, o maior mercado do mundo. A batalha para dominar os mercados de metanfetamina e heroína também provocou uma escalada da violência no México.
A maioria dos países das Américas continua adotando políticas repressivas para as drogas, mas a liberalização das leis para o consumo de maconha nos EUA incentivou os apoiadores da legalização a dobrarem seus esforços.
Tecnologia vai auxiliar no combate aos opiáceos nos EUA
As moedas digitais já foram acusadas de piorar a crise dos opiáceos porque elas facilitam a compra e venda anônima de remédios. Agora, a Intel e o setor farmacêutico planejam combater fogo com fogo. A fabricante de chips, em trabalho com empresas de saúde, planeja usar a chamada tecnologia do blockchain – parecida com a que serve de base para a moeda digital bitcoin – para rastrear melhor as drogas e possivelmente parar a epidemia nos EUA.
A ideia é determinar com precisão o ponto da rede de abastecimento em que os medicamentos são vazados. O blockchain também poderia ajudar a detectar a “dupla falsificação”, na qual um paciente viciado leva mais de uma receita de vários médicos.
“Isso vai reduzir muito a epidemia dos opiáceos”, disse David Houlding, diretor de privacidade e segurança da saúde na Intel Health and Life Sciences. “Eu não diria que vai eliminar o problema dos opiáceos, mas vai ajudar.”
A tática será testada quando a Johnson & Johnson, a McKesson e outras empresas registrarem dados simulados em novos livros-razão digitais. O experimento avaliará a facilidade para rastrear pílulas na viagem do fabricante à casa do paciente.
A meta final, disse ele, é que todas as empresas ligadas aos remédios e seus fornecedores no mundo estejam no blockchain, um livro-razão online que não pode ser apagado. Depois, agências públicas como a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA poderiam entrar no blockchain e vigiar o assunto.
A crise dos opiáceos tem sido impulsionada por um boom de venda de receitas a drogarias, hospitais e consultórios. Elas quase quadruplicaram na década de 2000, apesar de não haver sinais de que os americanos informem sentir mais dor.