Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de maio de 2018
O pré-candidato à Presidência pelo PDT, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes qualificou um de seus adversários, o deputado Jair Bolsonaro (PSL), de “uma ameaça ao País” e chamou de “boçal” a promessa do parlamentar de fazer uma equipe ministerial composta, em sua metade, por generais.
“Tem um concorrente meu aí prometendo que vai botar metade de seu governo de generais, na suposição imbecil – boçal que é – de que general é capaz de entender de tudo melhor que a gente”, criticou o presidenciável, que participou na quarta-feira (30), de um encontro com a ABiogás (Associação Brasileira de Biogás e de Biometano).
Sobre sua equipe ministerial caso seja eleito, Ciro disse que precisará ser “contemporizador das contradições brasileiras” e que essa modulação depende do patamar de votos com que chegaria à Presidência. Na “improbabilíssima” possibilidade de vencer no primeiro turno, sua equipe ministerial teria “excelência técnica muito maior que política”, disse.
Já uma vitória no segundo turno significaria uma composição maior, notou, salientando que negociação “não é loteamento de cargos”. Para jornalistas, após a apresentação, Ciro disse ainda que Bolsonaro representa uma “ameaça” ao País por representar uma chance “aprofundamento terminal da crise brasileira”.
“Para dar um exemplo: nos últimos dias, Bolsonaro – que já apresentou projeto para punir obstrução de vias -, apoiou a manifestação dos caminhoneiros. Três dias depois, quando o governo anunciou punições aos grevistas, disse que revogaria elas caso eleito, e três dias depois está retirando o apoio aos caminhoneiros. É esse o tipo de presidente que queremos?”, questionou. A assessoria de Jair Bolsonaro ainda não respondeu.
Caminhoneiros
O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) disse na terça-feira que não acredita que a greve dos caminhoneiros terá efeito nas próximas pesquisas de opinião e que, após o acordo anunciado por Michel Temer, as paralisações são mais legítimas:
“(O pleito) é mais legítimo depois do acordo do que antes. Porque agora é uma greve de gente trabalhadora, sofrida de verdade, não um locaute de empresários aproveitadores.”
Ciro ainda minimizou o discurso pró-Bolsonaro e pró-intervenção militar presente em algumas dessas manifestações:
“Não tem nada disso. Tem muito aproveitador, muita gente querendo tirar casquinha disso, mas isso é um movimento que tem uma força que não sedimentou ainda”, disse, complementando que “as Forças Armadas tem conseguido, apesar de toda essa manipulação (do governo Temer), se preservar (institucionalmente).”
O pré-candidato ao Planalto fez distinção entre as empresas transportadoras e os caminhoneiros autônomos que “estão tendo prejuízo monstruoso” com a impossibilidade do repasse do custo do combustível ao frete.
Sobre sua proposta de política de preços para a Petrobras, falou que não será “nem Dilma, nem Temer” e que comprará participação de eventuais acionistas insatisfeitos.
“A minha política será matriz de custos validada transparentemente pelo mercado em que o custo do petróleo é o custo nacional brasileiro que hoje é dezessete dólares (o barril).”
Alianças e previsões
Ciro reafirmou o que disse em entrevista ao “Roda Viva” na segunda-feira, que tem expectativa de aumento da bancada do PDT. Pare ele, o PMDB e o PT vão diminuir os eleitos, enquanto DEM e PP vão aumentar.
“Eu estou em linha com o ‘mercado político’. As pessoas sabem mais ou menos as tendências.”
Sobre o PSB, Ciro diz que torce muito para que o governador de São Paulo Márcio França ganhe a reeleição, e que ter como vice um empresário do Sudeste foi uma idealização e que hoje a prioridade da vaga é para o PSB.
Discurso constante
Em comparação com o discurso durante evento para sindicalistas no mês passado em São Paulo, Ciro pouco mudou. Repetiu que Fernando Henrique Cardoso “quebrou o Brasil”, que a distribuição de renda no Brasil é perversa e que o impeachment foi um golpe de Estado ao modo do “século XXI”. O pedetista insistiu na ideia de que “jamais foi tarefa da iniciativa privada fazer projeto nacional de desenvolvimento econômico” para uma plateia de executivos de multinacionais europeias no Club Transatlântico.
O ex-economista-chefe do Bradesco e vice-presidente da Câmara de Comércio Brasil-França, Octavio de Barros, foi um dos empresários que questionou o pré-candidato no almoço, argumentando que o próximo presidente precisa ser “inspirador, agregador, reformista e com capacidade de articulação”. Ciro respondeu com ironia, citando Romero Jucá como exemplo de “Brasil velho, corrupto e salafrário”:
“Romero Jucá foi líder do governo Fernando Henrique, Lula e Dilma no Senado. Romero Jucá é líder do governo Temer. Esse é o maior agregador que alguém pode imaginar ser”, disse Ciro, levando os empresários aos risos.