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Por Redação O Sul | 1 de junho de 2018
A Câmara Federal da Argentina confirmou nesta sexta-feira (1º) que a morte do promotor Alberto Nisman se tratou de um homicídio e não um suicídio, informaram fontes jurídicas.
O promotor morreu em janeiro de 2015, quatro dias depois de acusar a então presidente, Cristina Kirchner, de acobertar supostos terroristas.
“Procede encomendar aos magistrados a cargo da investigação o sustentado avanço do curso instrutório visando à completa e cabal determinação dos responsáveis pelo homicídio de Natalio Alberto Nisman, com a rapidez e seriedade que tão grave fato impõe”, afirmou o alto tribunal em uma resolução.
No ano passado, para tentar determinar se houve suicídio ou homicídio, a promotoria encarregou uma junta de peritos de realizar uma reconstituição do momento da morte do promotor.
A investigação estabeleceu que duas pessoas espancaram, drogaram com cetamina e assassinaram Nisman em sua casa.
O promotor era o responsável por investigar o atentado contra a associação mutual judaica AMIA de Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos.
Reconstituição
Em setembro de 2017 uma perícia da GNA (Gendarmeria Nacional Argentina) confirmou que o promotor Alberto Nisman foi assassinado com um tiro na cabeça e que em seu apartamento haviam outras pessoas que participaram do delito.
Na base dessa análise, a inicial hipótese de suicídio é descartada completamente e a investigação se orientaria para tentar determinar quem assassinou o promotor.
De acordo com o jornal argentino Clarín, os investigadores realizaram uma réplica perfeita do banheiro de Puerto Madero, local onde foi encontrado o corpo de Nisman, onde trabalharam 34 especialistas e outros policiais designados pelo tribunal para determinar se Nisman foi assassinado.
As conclusões do relatório foram baseadas em várias evidências como o fato de que não foram encontrados restos de pólvora no cadáver do promotor, enquanto a arma utilizada para o delito deixa rastos após atirar. Além disso, a própria arma foi encontrada na porta do banheiro, do lado do corpo, o que mostra que sua posição foi modificada, junto ao cadáver. E o tiro mortal teria sido feito atrás da orelha e de forma perpendicular, e não com o cano apoiado na cabeça, algo não comum em casos de suicídio.
A perícia no corpo de Nisman mostrou também que o promotor foi golpeado perna esquerda e na cabeça para não opor resistência e foram encontrados restos de ketamina em seu corpo, provavelmente usada como sedativo, já que nenhum vestígio desta substância foi encontrado em sua casa.
Relembre
Nisman foi encontrado morto no banheiro de sua residência de Buenos Aires com um tiro na cabeça em 18 de janeiro de 2015, quatro dias depois de ter apresentado uma denúncia contra a ex-presidente argentina Cristina Kirchner (2007-2015) por encobrimento de terroristas. Ele estava investigando o atentado com um caminhão-bomba contra a Amia (Associação Mutual Israelita Argentina). organização judia de Buenos Aires, no qual morreram 85 pessoas em 1994.
O caso foi imediatamente classificado como suicídio, uma ideia que os familiares e amigos de Nisman descartaram como absurda. Pesquisas de opinião mostraram que a maioria dos argentinos acreditava ter se tratado de um homicídio.
Quando o corpo de Nisman foi encontrado, faltava menos de um dia para que ele comparecesse perante o Congresso para formalizar sua acusação.