Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2018
O empresário Marcelo Odebrecht pediu ao dono da DAG Construtora, Dermeval Gusmão, “sigilo total” sobre a compra de um “prédio institucional” em 2010. “Fora as pessoas da OR envolvidas, ninguém mesmo da casa sabe”, escreveu em e-mail.
A defesa do empresário Glaucos da Costamarques pediu que mensagens eletrônicas encontradas no computador de Odebrecht sejam anexadas aos autos do processo em que ele é acusado de ter atuado como laranja para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta ação penal, o petista é suspeito de ter favorecido a empreiteira em troca de propina de cerca de R$ 12 milhões para a compra de um terreno para o Instituto Lula na Zona Sul de São Paulo (SP) e de um apartamento vizinho ao que morava, em São Bernardo do Campo (SP).
A DAG e Costamarques são apontados pelo MPF (Ministério Público Federal) como laranjas de Lula na compra do terreno e do apartamento, respectivamente. Segundo a Procuradoria, ainda que em nome do empresário, o apartamento teria sido utilizado pelo petista, que não teria pago aluguel pelo uso.
Ao pedido de sigilo de Marcelo Odebrecht, Gusmão respondeu: “Obrigado por mais uma vez por lembrar, mas estou bem atento até para minha segurança. Realmente tem muito curioso na casa…”
O empresário mostra preocupação, ainda, em outra mensagem: “Precisava me aprofundar com vocês sobre riscos prédio Instituto” (sic).
Odebrecht também trocou e-mails com Branislav Kontic, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci. Em mais de um, o empresário refere-se ao chefe. “Brani, favor lembrar ao chefe o encontro que ele ficou de marcar com o advogado sobre o prédio, pois recentemente fomos cobrados.”
Ao engenheiro Paulo Baqueiro de Melo, Odebrecht diz que o custo é de uma conta que Hilberto [Mascarenhas, ex-executivo] debita para três fontes distintas.
Em fevereiro, o empresário já havia apresentado e-mails que tratariam da compra do terreno para a construção do instituto.
Em uma das mensagens, Odebrecht dizia que já havia avisado ao Italiano (que já afirmou se tratar de Palocci) que estavam “batendo na trave”. “Este pessoal não tem responsabilidade… Como algum repórter xereta pode acabar chegando na DAG acho importante prepararmos a história/estratégia de comunicação (ou de não comunicação) deles”, escreveu.
TRF-4
A 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) negou dois pedidos da defesa do ex-presidente Lula contra o juiz Sérgio Moro, para que ele seja declarado suspeito nos julgamentos de duas ações ainda em andamento na Justiça Federal de Curitiba – uma relacionada ao sítio de Atibaia e a segunda à compra de um prédio para o Instituto Lula.
A defesa de Lula alegou que Moro participou como palestrante no Lide Brazilian Investment Fórum, em Nova York (EUA), em maio deste ano, promovido pela empresa de João Dória Jr, candidato ao governo de São Paulo, e que o magistrado fez referência à prisão de Lula. O desembargador federal João Pedro Gebran Neto afirmou que existe a tentativa nítida de politizar solenidades que não são políticas. E que a presença de políticos não transforma um evento em político-partidário.
“A participação de eventos com ou sem a presença de agentes políticos não macula a isenção do juiz, em especial porque possuem natureza meramente acadêmica, informativa ou cerimonial, sendo notório que em tais aparições não há pronunciamentos específicos a respeito de processos em andamento”, defendeu Gebran Neto.