Sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2018
Com dificuldade de fechar alianças e sem um vice definido, Jair Bolsonaro ainda será obrigado a debelar uma crise na cúpula de seu partido, o PSL. Ele se incorporou à sigla em março, levando alguns nomes de confiança. Agora, um de seus principais assessores, Gustavo Bebianno, está em franco conflito com outros dirigentes da sigla. O desconforto se agravou nos últimos dias. Houve intensa troca de mensagens e integrantes do diretório nacional ameaçam redigir carta que documente a insatisfação.
Um dos ganchos para a confusão foi o adiamento da Cúpula Conservadora das Américas. O evento foi organizado por aliados de Bolsonaro para fazer contraposição ao Foro de São Paulo. Bebianno aconselhou o presidenciável a não ir ao ato e revoltou os que o estruturaram.
Ao acatar o conselho do assessor, na quarta (25), Bolsonaro desencadeou sem querer intenso bombardeio sobre ele. Até familiares criticaram a influência que Bebianno exerce sobre o político.
A intervenção do assessor fortaleceu dois grupos de insatisfeitos: deputados que apoiam Bolsonaro e reclamam do prestígio de Bebianno e antigos dirigentes do PSL. As alas traçam estratégias para miná-lo. Procurado, Bebianno, que é presidente interino do PSL, não respondeu.
Incertezas
Ao ser confirmado candidato, Bolsonaro lembrou que o partido tem até 5 de agosto para anunciar quem irá compor a chapa. “Nenhum partido anunciou seu vice ainda. A gente não foge de um filiado ao PSL ou de algum militar que esteja na ativa. A nossa lagoa é muito pequena para pegar um vice, mas vai sair um de qualquer maneira”, disse o deputado.
No evento de oficialização da candidatura, o representante do PSL na disputa à Presidência da República discursou por 55 minutos para uma plateia inflamada que encheu o salão do Centro de Convenções Sul-América, no centro do Rio de Janeiro, com capacidade para 3 mil pessoas.
“Eu sei o desconforto que venho causando. Eu sou o patinho feio desta história, mas tenho certeza que seremos bonito brevemente”, disse Bolsonaro.
A advogada Janaina Paschoal frustrou a plateia, que esperava ver o anúncio no mesmo dia e já a saudava como vice, ao anunciar que ainda não tem resposta ao convite feito pelo partido. Inicialmente, ela pensou no cargo de deputada estadual por São Paulo.
Com exceção dos políticos do PSL, discursaram durante o lançamento da candidatura de Bolsonaro apenas o general de Exército Augusto Heleno (PRP), que também chegou a ser convidado para o cargo de vice, mas não comporá a chapa, e o senador Magno Malta (PR-ES).
Isolado
O isolamento político na campanha até agora foi contestado por Bolsonaro, que garante já ter entendimentos de apoio com diversos parlamentares de partidos do chamado de Centrão e que aparentemente não está preocupado com os restantes. “Agradeço ao Alckmin por juntar o que há de pior do Brasil ao seu lado”, criticou o candidato.
Em família
Participaram da convenção a mulher de Bolsonaro, Michele, os filhos Carlos, Eduardo e Flávio – este último confirmado como candidato do partido ao Senado pelo Rio de Janeiro. Também estavam presentes o coordenador do programa econômico da campanha, o economista Paulo Guedes, o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebbiano, e o vice-presidente nacional, Julian Lemos.