Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
24°
Mostly Cloudy

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Pela primeira vez, uma mulher está no comando do território brasileiro mais distante do continente

Compartilhe esta notícia:

A capitão de corveta Rosângela dos Santos Farias, de 47 anos, assumiu a função em abril. (Foto: Divulgação)

Poucas mulheres conseguiram pôr os pés no arquipélago de Trindade e Martim Vaz, o território brasileiro mais distante do continente, descoberto há pouco mais de 500 anos. Hoje, porém, é uma mulher que comanda os 30 militares do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT), estabelecido em 1957.

Em frente ao que restou de um dos vulcões que criaram a porção de terra entre o Brasil e a África, a capitão de corveta Rosângela dos Santos Farias, de 47 anos, reflete sobre a chegada dos novos tempos:

“Essa ilha foi entreposto de traficantes de escravos. Os escravos eram selecionados e despachados aos seus destinos. Eu seria uma escrava, se eu estivesse aqui 200 anos atrás. Para mim, isso significa um avanço muito grande da sociedade, que permite a uma mulher negra estar aqui no papel tão importante que é o de chefe. É uma vitória da igualdade entre todos, entre raças, entre os sexos”, afirma ela, que substituiu, em abril, o capitão de corveta Carlos Luís Fernandes Ribeiro, e que fica no cargo até agosto.

O arquipélago de Trindade e Martim Vaz nasceu há mais de 3 milhões de anos, após cinco grandes eventos vulcânicos, a 1,2 mil quilômetros da costa brasileira. Trindade tem um terreno equivalente a 400 campos de futebol, e seus picos mais altos chegam a 600 metros. Martim Vaz é um conjunto de ilhotas menores – somadas, têm o tamanho de três campos de futebol –, a 47 quilômetros de Trindade.

Nunca houve tantas mulheres no posto da ilha. A primeira militar chegou lá só em 2011, como sargento. Atualmente, além de Rosângela há outras duas mulheres trabalhando em Trindade, para cuidar da expansão da rede ótica.

“São poucos os que têm a oportunidade de pôr os pés aqui, um lugar com, no máximo, 40 pessoas, predominantemente do sexo masculino”, ressalta a sargento Mônica Santos da Costa, de 35 anos.

A também sargento Larissa Lima, de 28, conta que desde 2011 buscava uma oportunidade em Trindade: “Quando me voluntariei, quis enfrentar o desafio de ser uma das mulheres que poderiam habitar a ilha”.

Para a comandante, as mulheres estão desbravando novas fronteiras: “Sou muito orgulhosa de ter sido escolhida. Abro esse caminho às outras mulheres que tiverem vontade de participar do mesmo processo. As mulheres garantem o território delas e a igualdade de direitos e deveres em relação aos homens”, observa Rosângela.

Para conquistar o posto, a capitão de corveta passou por processo seletivo que incluiu avaliação psicológica e testes físicos. Em casa, precisou convencer marido e filho:

“Era um desejo meu há mais de dez anos. Pessoas que estiveram aqui contaram como era a ilha, e a vontade foi crescendo. Retomei o assunto e, desta vez, consegui chegar a um consenso com a família, que me apoiou muito”, conta ela, formada em Pedagogia. Após os quatro meses na função, Rosângela deverá voltar ao 1º Distrito Naval, no Rio.

À frente de Trindade, a comandante acorda rotineiramente às 6h para distribuir as tarefas da equipe. “A gente verifica o que tem de ser feito: alguma obra, limpeza, trilha, recuperação de algum cabo. E rápido o dia acaba”. No fim de semana, conta, descansa “um pouquinho”.

Mas a aparente calma do lugar esconde altos riscos. Em janeiro, um militar morreu enquanto pescava, surpreendido por uma onda camelo – ondulações duplas mais altas, que surgem inesperadamente. Desde 1959, pelo menos nove das 17 mortes registradas no arquipélago foram causadas por esse fenômeno.

Outro risco são as quedas durante as trilhas nas áreas mais inóspitas. Por isso, caminhadas só ocorrem com ao menos três pessoas. Em caso de acidente, um trilheiro fica com a vítima enquanto o outro busca ajuda. Já aconteceram duas mortes em caminhadas. Na lista de fatalidades, há também suicídios e até um assassinato, em 1989.

O trabalho de Rosângela envolve o apoio às pesquisas em Trindade e Martim Vaz. O programa, criado em 2007, já atendeu a cerca de 650 pesquisadores, em 66 expedições. Os estudos abrangem geologia, biologia, geografia e oceanografia. Em 2010, foi construída uma estação científica para acomodar oito pesquisadores.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Todas as crianças brasileiras que haviam sido separadas dos pais na fronteira dos Estados Unidos foram devolvidas aos seus familiares
Aos 18 anos, um estudante de Brasília se tornou o advogado mais jovem do Brasil
https://www.osul.com.br/pela-primeira-vez-uma-mulher-esta-no-comando-do-territorio-brasileiro-mais-distante-do-continente/ Pela primeira vez, uma mulher está no comando do território brasileiro mais distante do continente 2018-07-28
Deixe seu comentário
Pode te interessar