Segunda-feira, 10 de março de 2025
Por Redação O Sul | 25 de julho de 2015
A americana Janet N. Cook era viúva há uma década quando se inscreveu em um site de namoro pela internet e rapidamente recebeu uma enxurrada de e-mails, telefonemas e planos para encontros pessoais. “Não sou estúpida, mas fui totalmente ingênua”, disse ela, atualmente com 76 anos, que foi arrebatada pela atenção que recebeu de um homem que disse se chamar Kevin Wells e se descrevia como um empresário alemão de meia-idade à procura de alguém “confiante” e “sincera”.
Mas logo ele começou a descrever vários problemas, incluindo uma hospitalização em Gana, para onde tinha ido a negócios, e a pedir a Janet para ajudá-lo – repetidas vezes. Ao todo, ela lhe enviou 300 mil dólares, com ele aparentemente seguindo um roteiro bem aperfeiçoado que os criminosos on-line usam para obter fraudulentamente dezenas de milhões de dólares por ano de membros de sites de namoro.
Muitas das pessoas visadas são mulheres, especialmente a partir dos 60 anos, com frequência aposentadas e vivendo sozinhas, que dizem que o cortejo por e-mail e telefone formam laços que podem não ser físicos, mas são intensos e envolventes. Não se sabe quantas pessoas são pegas por fraude romântica pela rede, mas entre 1 de julho e 31 de dezembro de 2014, quase 6 mil pessoas registraram queixas desse tipo nos Estados Unidos, com perdas de 82,3 milhões de dólares. No Brasil, apesar da falta de dados, o mesmo está acontecendo.
Conforme as autoridades, as pessoas mais velhas são alvos ideais porque costumam ter economias acumuladas, possuem casa própria e são suscetíveis a serem enganadas por alguém com intenções fraudulentas.
Louise B. Brown, 68, uma enfermeira em um consultório pediátrico, tentou esconder o fato de que tinha sido fraudada on-line. Ela contou que tinha experimentado vários sites de namoro, incluindo o eHarmony.com, porque “depois que meu marido morreu, eu não tinha um companheiro com quem falar”. Então em 2012, no Match.com, ela conheceu um homem que dizia se chamar Thomas. Ele disse que era um empreiteiro que estava prestes a partir para um negócio na Malásia.
“No início fazia sentido, mas, então, ele começou a me pedir dinheiro para cobrir despesas como licenças de trabalho”, disse ela. “No final, eu enviei 60 mil dólares”, completou.
Mesmo padrão.
Os golpistas podem ter acesso à pessoa carente de amor hackeando um perfil inativo e alterando informações como idade, gênero e ocupação, segundo os investigadores. Após contatar uma vítima potencial, o farsante tenta evitar a detecção pelo site de namoro ao insistir que as comunicações passem a ser por e-mail, telefone ou mensagem instantânea.
As autoridades dizem que os golpistas seguem um padrão semelhante. “Eles conquistam a confiança da vítima, então criam um senso de urgência e exploram a confiança que criaram”, disse o investigador David Farquhar.
As vítimas à procura de romance, mas que encontram criminosos on-line, devem alertar as autoridades. “É imperativo que uma pessoa que ache que foi enganada aja rapidamente”, disse. Mesmo assim, Farquhar reconhece que “as chances não são boas de ver o dinheiro de volta”. Apesar de alguns golpistas serem locais, outros fazem parte de grupos criminosos internacionais e são mais difíceis de rastrear.
Apesar dos alertas, a versão digital do golpe do romance é tão disseminada que a AARP (Rede de Vigilância Contra Fraude da Associação Americana dos Aposentados, na sigla em inglês) pediu em junho aos sites de namoro on-line que adotem mais salvaguardas para proteção contra esse tipo de fraude. Elas incluem o uso de algoritmos para detecção de padrões de linguagem suspeitos, busca por perfis falsos, alertar os membros que estiveram em contato com alguém usando perfil falso e fornecimento de mais informação, para que os membros estejam cientes dos golpes envolvendo romance.
A rede da AARP recomenda que, desde o início, os membros dos sites de namoro usem a “pesquisa por imagem” do Google para ver se a foto do pretendente aparece em outros sites com diferentes nomes.