Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de setembro de 2018
A data de início de operação das redes de telecomunicações de quinta geração (5G) no Brasil ainda não está marcada. Mas as operadoras já estão trabalhando para que isso aconteça no máximo dentro de dois anos. Ou seja, no segundo semestre de 2020 essas novas redes começarão a conectar dispositivos.
Entre eles, celulares e dispositivos de internet das coisas. E a transportar dados em velocidades da ordem de gigabits (bilhões de bits) por segundo. Até lá, porém, várias etapas ainda precisam ser vencidas, algumas condicionadas a ações do governo. Como o leilão das radiofrequências que os equipamentos 5G irão utilizar.
Conforme o jornal Valor Econômico, Marco Di Costanzo, diretor de Engenharia da TIM Brasil, disse que três condições são fundamentais para a chegada do 5G aqui. A primeira é a disponibilidade de faixas de frequência “mundialmente aceitas para essa tecnologia”. A segunda é a preparação da rede atual para que a entrada do 5G, conforme diz, seja suave, “e a terceira, aquisição de experiência, fazendo testes para que tudo esteja pronto na hora em que a tecnologia possa ser implementada”.
A frequência hoje disponível é a de 3,5 gigahertz, que tem duas características importantes: uma, é a disponibilidade no mundo todo, o que permite volume na produção de equipamentos. Outra é sua largura, de 3,5 gigahertz, porque quanto maior uma faixa, mais possibilidades de oferecer velocidade. Di Costanzo acredita que o leilão dessa frequência deve ser feito pela Anatel no segundo semestre de 2019.
O engenheiro diz que não haverá um salto do 4G para o 5G, mas, sim, “percursos de aproximação, como aconteceu com o 3G, que foi depois para 3.5G, 3.9G e finalmente 4G”. Para isso, já foram iniciados testes no Rio de Janeiro. Na Itália, a TIM começou operações pré-comerciais de 5G em Turim, San Marino, Matera e Bari. Como a faixa que o 5G ocupará é utilizada no Brasil para transmissões de TV via satélite, ele explica que a TIM fez testes de coexistência entre os dois serviços.
A Algar, em fase de ampliação da sua cobertura 4.5G, poderá oferecer rede 5G também a partir de 2020, acredita Luiz Antônio Lima, diretor de tecnologia da empresa. A equipe já está estudando o assunto e participando de testes com fabricantes.
Um dos maiores problemas a superar, na opinião dele, será a instalação das antenas. “Serão muitas, havendo também microantenas espalhadas pelas cidades”.
Embora considere que o uso intensivo do 5G pela população ainda está distante, o diretor de planejamento e redes da Vivo, Átila Branco, afirma que a empresa está se preparando e ganhando tempo. “Como as padronizações ainda estão sendo publicadas, ainda há tempo de maturação e de desenvolvimento, para que as redes possam chegar daqui a dois anos. Mas temos de nos preparar, porque sabemos que um dos maiores desafios será o número de dispositivos conectados.”
Entre esses dispositivos, lembra o diretor da Vivo, estarão os da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), exigindo da rede tempos de resposta (latência) ínfimos.
Os preparativos, detalha Branco, incluem mais virtualização de rede, mais fibras ópticas e mais estações rádio-base, compondo uma estrutura que ele chama de pré5G. A empresa anunciou em 20 de agosto que já está testando a tecnologia 5G em São Paulo, utilizando para isso a mesma infraestrutura das redes 4,5G.
André Sarcinelli, diretor de engenharia da Claro Brasil, vê dois grandes obstáculos no caminho da nova tecnologia: aumentar o número de estações rádio-base e conectá-las com fibras ópticas. “A quantidade de estações de que necessitamos para fazer a cobertura será um problema, por causa da demora nos processos de licenciamento. É uma rede para a qual precisaremos de três a cinco vezes mais estações do que temos hoje. Mas em alguns casos a instalação demora anos, por causa das legislações municipais ou de questões ambientais”, afirma.
Outro problema, diz, será estender fibras ópticas conectando as estações rádio-base, porque isso exige negociações com as empresas donas dos postes e dos dutos por onde as fibras têm de passar. “Isso leva tempo”, diz. Sarcinelli vê como utilidade inicial do 5G a oferta de banda larga fixa para as casas dos assinantes, levando ao mesmo tempo internet, telefonia e TV 4K sem a necessidade de instalação de cabos. No entanto, acha que essa mudança de tecnologia pode estar acontecendo tão rápido que chega a provocar um descompasso no retorno do investimento.
A Oi, ainda em recuperação judicial, não fala oficialmente em 5G, mas seu diretor de operações, José Cláudio Gonçalves, conta que foi iniciada neste ano a renovação de equipamentos “para aprimorar a experiência de dados móveis de nossos clientes e oferecer a tecnologia 4,5G”.