Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2018
O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, amanheceu cercado por equipes das Forças Armadas e da Guarda Municipal, na manhã desta terça-feira (4). A segurança do local foi reforçada pois há um temor que ainda haja peças de valor no prédio e possam acontecer saques e, também, para preservar equipes que atuam no local. Um perímetro de segurança em torno do prédio foi determinado pela PF (Polícia Federal).
Segundo o coronel Carlos Cinelli, porta-voz do CML (Comando Militar do Leste), estão na área do museu equipes do Batalhão de Guardas do Exército, que tem seu quartel situado em São Cristóvão. As equipes atuam em coordenação com a Polícia Militar para cobrir todo o local do incêndio. Durante a madrugada, a chuva ajudou a apagar alguns focos de incêndio. Alguns deles, porém, voltaram a aparecer pela manhã. Bombeiros deram início a uma nova fase da operação rescaldo no local.
Coleção egípcia foi perdida
Na segunda-feira (3), um dia após o incêndio que devastou praticamente todo o acervo do museu, pesquisadores ainda tentam levantar o material que foi perdido. No início do tarde, o geógrafo Renato Cabral Ramos informou que toda a coleção egípcia, inclusive as múmias, foi perdida.
Uma das peças mais importantes, “Luzia”, o crânio humano mais antigo já encontrado no Brasil, continua desaparecido. Segundo funcionários, “Luzia” estava guardada dentro de um caixa de metal, no interior de um armário, no primeiro andar. Na ala dos fundos do museu. O armário está sob escombros, por isso não é possível saber seu estado.
Algumas peças sobreviveram
Em meio a tantas notícias ruins, os pesquisadores tiveram um pequeno alento. Alguns funcionários entraram junto com a Defesa Civil no prédio, nesta terça, e conseguiram resgatar um quadro de Marechal Rondon. A pintura em óleo, que está coberta de fuligem, pode ser restaurada, acreditam. Ao longo do dia, alguns funcionários puderam entrar no prédio e conseguiram resgatar outras peças que não foram destruídas.
Reconstrução
A reconstrução do Museu Nacional no Rio de Janeiro será feita em quatro etapas, incluindo a possibilidade de cessão de um terreno próximo ao local para que as atividades acadêmicas sejam mantidas. Após reunião no Palácio do Planalto do presidente Michel Temer com ministros nesta terça-feira, foi confirmada a liberação, via Ministério da Educação, de R$ 10 milhões para a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O museu é vinculado à instituição. No decorrer das quatro etapas, há ainda a proposta de uma campanha internacional para a doação e aquisição de acervos para o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
O ministro da Cultura, Sérgio de Sá Leitão, adiantou que a primeira estapa será dedicada à realização de intervenções emergências, como instalação de um toldo, escoramento de paredes, levantamento da estrutura, inventário do acervo e separação do que é possível encontrar nos escombros. A segunda etapa depende da conclusão da perícia da Polícia Federal no local. Depois de realizada, será contratado um projeto básico e, com base nele, será implementado o projeto executivo da reconstrução do museu.
A terceira etapa é a da reconstrução. A ideia é usar a lei federal de incentivo à cultura, a Lei Rouanet. “Vamos fazer a mobilização de parceiros privados e da sociedade civil para reunir os recursos necessários”, disse Leitão, acrescentando que o custo da reconstrução do museu só poderá ser estimados após a elaboração do projeto executivo. O ministro da Cultura disse que a quarta fase pode ocorrer em paralelo com a obra de construção. É a de recomposição do acervo. O governo pretende fazer uma campanha internacional para a doação e aquisição de acervos para o Museu Nacional. “Óbvio que sobre o acervo perdido não é possível fazer nada. Mas no menor prazo possível, a ideia é que a gente possa recuperar o edifício e fazer a recomposição do acervo”, ressaltou Sá Leitão.