Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2018
Em seu primeiro corpo-a-corpo na rua com eleitores após ser oficializado como candidato ao Palácio do Planalto pelo PT, o ex-governador paulistano Fernando Haddad citou nessa quinta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma vez a cada 22 segundos em três discursos. Foram pouco mais de 11 minutos de falas a simpatizantes e o presidenciável mencionou nominalmente o padrinho político 31 vezes, sem contar referências como “presidente” e “ele”.
Vestido com uma camiseta vermelha estampada com uma foto e o nome do líder petista, o presidenciável foi chamado ao microfone durante caminhada na cidade de Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, de “Fernando Lula Haddad” e de “Luiz Fernando Lula Haddad”.
Haddad foi anunciado como candidato na última terça-feira, em um ato na frente da Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), onde Lula cumpre pena desde o dia 7 de abril por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). O ex-prefeito foi indicado depois de o PT apresentar 17 recursos para manter a candidatura do ex-presidente, que foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Ato de campanha
Logo no início da caminhada desta quinta-feira, Haddad fez uma rápida fala de dois minutos e meio em que mencionou o nome de Lula nove vezes. O candidato ao Planalto disse que o ex-presidente ganharia as eleições no primeiro turno se não fosse impedido pelas autoridades brasileiras de concorrer.
Ele também destacou que o ex-presidente deixou um “plano de governo pronto”, e que nos tempos do governo do líder petista a cidade foi beneficiada com convênios para construir 12 creches: “Nós vamos ganhar essa eleição e vamos botar esse povo para correr”.
Antes de deixar o município, o presidenciável fez um novo discurso de 4 minutos e 50 segundos com 12 citações a Lula. DePetista também se referiu a Lula como “presidente” e “ele”. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)Petista também se referiu a Lula como “presidente” e “ele”. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)ssa vez, Haddad disse que teve a honra de “ser ministro da Educação do Lula”, cargo que exerceu por seis anos: “Nunca ninguém superou o que o Lula fez ao povo brasileiro”.
Em seguida, já na cidade de Osasco, também na Região Metropolitana de São Paulo, o candidato participou de uma nova caminhada. Durante o percurso, parou para comer um cachorro-quente em uma barraca de rua, acompanhada de sua vice, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS). Ao final, em novo discurso, ele disse que o plano de governo de sua candidatura chama “plano Lula de governo”. Lula foi mencionado dez vezes em quatro minutos de fala.
Em entrevista, o candidato celebrou a decisão da corregedoria do CNMP (Conselho Nacional de Ministério Público) de investigar a conduta dos promotores Marcelo Mendroni e Wilson Tafner, que propuseram ações contra ele nas últimas semanas por causa da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da construtora UTC. Pessoa disse que pagou dívidas da campanha de Haddad a prefeito de São Paulo em 2012.
“Entendo que isso depura o Ministério Público”, frisou Haddad. “Ele se chama promotor de Justiça, então tem que buscar a verdade. Não pode fazer política.”
Indagado sobre a declaração do candidato do PDT, Ciro Gomes, que, em entrevista no dia anterior havia dito que o Brasil não aguentaria uma nova Dilma Rousseff (em referência ao suposto fato de que a então presidenta da República governava orientada por Lula), o petista reafirmou que não entrará em confronto com adversários:
“Adotamos uma estratégia até o final da campanha de só falar de proposta. Se tiver alguma proposta dele que vocês jornalistas quiserem que eu comente, eu comento. Mas esse tipo de ataque, nós não vamos responder”.
Apesar de estar numericamente atrás dos seus adversários em quinto lugar (mas empatado dentro da margem de erro), Haddad já deixou escapar que cogita disputar a reeleição. Perguntado se a vice Manuela D´Ávila, que participou da agenda. continuará a fazer acampanha ao seu lado, o petista respondeu: “Lado a lado, nós vamos estar pelos próximos cinco anos, talvez oito anos”.