Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2018
O Brasil ficou estagnado no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas em 2017. Segundo dados atualizados divulgados nesta sexta-feira pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o País ficou na 79ª posição, logo atrás da Venezuela, entre um conjunto de 189 economias. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) brasileiro é de 0,759. Pelo critério da ONU, quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano.
O IDH é calculado com base em indicadores de saúde, educação e renda. Em 2017, o Brasil avançou levemente na expectativa de vida, que saiu de 75,5 para 75,7 anos. A RNB (renda nacional bruta) per capita também subiu um pouco: de US$ 13.730 para US$ 13.755 por ano. Enquanto isso, o País ficou parado na educação: o período esperado para que as pessoas fiquem na escola permaneceu em 15,4 anos e a média de anos de estudo, em 7,8 anos. Por isso, a melhora do IDH do Brasil de 2016 para 2017 foi de 0,001.
Apesar de os dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgados nesta sexta-feira pela ONU terem como referência 2017, em muitos casos as estatísticas são de períodos anteriores, pois em alguns países só há disponíveis informações mais antigas. A Venezuela sempre apareceu à frente do Brasil no ranking, porque tem uma escolaridade maior e uma renda alta graças ao petróleo. Mesmo assim, o País caiu 16 posições no ranking nos últimos cinco anos.
O Brasil está na 79ª posição do ranking desde 2015, no conjunto de nações de alto desenvolvimento humano. O melhor colocado na lista continua sendo a Noruega (0,953) e o pior , o Níger (0,354). Quando analisados os dados dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), apenas Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil (0,816). Na comparação com a América do Sul, o Brasil é o quinto País com maior IDH. O País fica atrás de Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela, nesta ordem.
Os dados do Pnud mostram que o Brasil ocupava 86ª colocação no ranking do IDH em 2012 e perdeu posições até 2015, quando estagnou na 79ª. No entanto, considerando a evolução do País desde que o IDH começou a ser calculado, em 1990, o País teve melhoria em todos os indicadores.
A coordenadora da unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD, Samantha Dotto Salve, explica que a Venezuela, que passa por uma grave crise econômica e humanitária, ainda aparece à frente do Brasil no ranking porque historicamente tem indicadores “muito bons”, que apesar de terem se deteriorado nos últimos anos, ainda se mantêm num padrão alto.
“Ocorre que os indicadores avaliados pelo IDH são bastante estruturais e se referem ao histórico político do País, não mudam drasticamente com um acontecimento recente. Mas já há efeitos da crise. Prova disso é que, entre 2012 e 2017, enquanto a Venezuela perdeu 16 posições no ranking, o Brasil subiu sete. Hoje, a Venezuela só leva vantagem em relação ao Brasil nos anos médios de estudo. Essa brecha entre os dois países está diminuindo e, se os padrões continuarem os mesmos, a tendência é que o Brasil ultrapasse a Venezuela nos próximos anos”, disse Samantha.
A taxa de crescimento do IDH brasileiro foi de 24,3% entre 1990 e 2017. No período, os brasileiros ganharam 10,4 anos de expectativa de vida e viram a renda aumentar 28,6%. Na educação, a expectativa de anos de escolaridade aumentou 3,2 anos, enquanto a média de anos de estudo subiu 4 anos.
Os números brasileiros são melhores que a média do planeta. Em todo o mundo, desde 1990, o IDH aumentou 21,7%. O índice médio fechou 2017 em 0,728. Ao todo, 94 perderam posições no ranking no ano passado. Outros 61 se mantiveram estáveis e 34 subiram de lugar.
Para o Pnud, a evolução dos dados mundiais aponta que a maioria das pessoas vive mais, tem mais anos de estudo e acessa a mais bens e serviços. No entanto, ainda persistem desigualdades, incluindo a desigualdade de gênero. Além disso, o progresso não é linear e crises podem reverter ganhos.
Procurado para comentar o resultado do relatório do Pnud, o Ministério da Educação informou que não cabe à pasta emitir posição sobre IDH, pois ele é um índice que envolve diversos fatores alheios a sua competência. O Ministério do Desenvolvimento Social disse que não iria comentar o relatório antes de sua publicação. Já o Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria, que há desafios a serem enfrentados em relação aos indicadores de desenvolvimento humano no País. “No entanto, é importante destacar que ações desenvolvidas resultaram em melhores indicadores, como o aumento da expectativa de vida no Brasil nos últimos anos”.