Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2018
Depois de o general Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PSL) ter defendido na quinta-feira que “uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo”, a candidata da Rede, Marina Silva, criticou as afirmações dizendo que o momento do País não permite “arroubos” nem “saudosismo militar”. Marina cumpriu agenda no Comando da Marinha, em Brasília, onde recebeu sugestões para seu programa de governo.
“Não é o momento, não é hora de arroubos e de saudosismo militar. A base do caminho é a Constituição e a democracia. O povo brasileiro tem que ser guiado pela Constituição. O meu guia é a Constituição. Qualquer coisa fora disso é inaceitável” — disse Marina, sobre as declarações de Mourão.
A candidata da Rede reforçou que, na democracia, quem faz a Constituição são os escolhidos pela sociedade.
“Qualquer coisa que não seja pelo voto soberano da sociedade elegendo seus constituintes, é querer estabelecer uma Constituinte mediante uma forma de golpe. Na democracia, a Constituição é mudada legitimamente por representantes eleitos da sociedade.”
Nesta quinta-feira, o vice de Bolsonaro cumpriu agenda em Curitiba e provocou polêmica ao dizer que a Constituinte, em 1988, foi um erro.
“Eu julgo que Constituinte não é o caso. Foi um erro que nós cometemos no passado. O próprio Congresso se tornou Constituinte”, destacou o general Mourão ao defender a elaboração da Carta por um grupo de juristas e constitucionalistas. “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo.”
Na reunião no Comando da Marinha, Marina disse ter ouvido um relato sobre o corte de gastos na pasta. Uma das principais reivindicações feitas pelos três comandantes das Forças Armadas aos candidatos é a recomposição do orçamento para área militar.
Marina e o representante da Marinha no evento, o almirante de esquadra Ilques Barbosa, conversaram também sobre projetos de preservação do meio ambiente. Dentro da estratégia de reforçar sua presença nas ruas, a candidata da Rede programou para sexta-feira uma caminhada pelo centro comercial de Taguatinga, cidade administrativa do Distrito Federal.
Púlpito como palanque
Entrevistada por um canal de TV evangélico na quinta-feira, a candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, foi bombardeada por uma série de perguntas sobre sua posição e a de seu vice, Eduardo Jorge, em relação ao aborto. Lideranças evangélicas consideram que a candidata da Rede, que também é evangélica, precisa tornar mais clara sua posição sobre o tema, que é caro à chamada “agenda cristã” da igreja. Marina voltou a repetir que é contra o aborto e que defende um plebiscito para discutir a questão. Ao ser questionada sobre a perda de apoio nas pesquisas entre os evangélicos, a candidata criticou o uso da igreja por candidatos como curral eleitoral.
“Não uso o palanque como púlpito, nem o púlpito como palanque”, disse Marina.
Logo no início da entrevista, Marina foi informada de que mais da metade das perguntas enviadas pelos telespectadores estavam relacionadas ao aborto. A primeira pergunta apresentada a Marina foi direta: “Muitos dizem que não vão votar em você porque você, como cristã, defende o aborto. Explica melhor para seus eleitores indecisos”.
“Como sou contra o aborto, tenho defendido que essa questão não seja decidida só pelos 513 deputados. Mas o presidente da República não convoca plebiscito, quem convoca é o Congresso. Pelas minhas convicções éticas, filosóficas e religiosas sou contra o aborto. Que se trabalhe os meios para que a mulher não lance mão de uma medida extrema, como o planejamento familiar. Sou a favor da vida, da vida em abundância”, disse Marina.