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Colunistas Pânico na campanha eleitoral

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Bateu o pânico na campanha eleitoral. Era hora de gravar o programa. O candidato encontrava-se ali, a postos. O sorriso estava pronto. A pose também. Mas, no momento de ler o texto, pintou a dúvida. “Fui um dos que… lutou ou lutaram?”

Era uma armadilha, pensaram os marqueteiros. O que fazer? Chutar? E se errasse? Cairia na boca dos inimigos. E entraria no rol dos que dizem “nós vai”, ou “a gente fazemos”. Melhor não correr riscos inúteis. A gramática está aí pra prestar socorro.

Expressão gilete

Um dos que é expressão gilete. Corta dos dois lados. Topa o singular e o plural. “Fui um dos que lutou”, poderia ter dito o louquinho pelo poder. “Fui um dos que lutaram” também.

Ambas as formas estão corretas. Mas o sentido muda um pouquinho. O singular é egoísta. Diz que a ação se refere a um só indivíduo. O plural, a todos.

Quer ver?

– Paulo é um dos candidatos que ataca o governo.

Na frase, dá-se realce ao um. Só Paulo bate no mandachuva. Daí o singular.

– Paulo é um dos candidatos que atacam o governo.

Tradução: Paulo é um entre tantos candidatos que atiram no morador do Palácio do Planalto. Daí o plural.

Olho vivo

Cuidado. A generalização é burrinha que só. Às vezes o verbo se refere a um ser apenas. Aí, não há alternativa. Só vale o singular.

O Tietê é um dos rios da capital paulista que deságua no Paraná.

No caso, São Paulo é banhada por vários rios. Mas só o Tietê deságua no Paraná. Aí, não dá outra. É singular ou singular.

Ufa

A equipe do presidenciável suspirou aliviada. Era um problema a menos. Mas impunha-se escolher uma forma pra evitar estresse na hora da gravação. A opção foi o plural. Por quê? Não foi só ele quem lutou. Vários postulantes partiram pra guerra.

De William Strunk Jr.

“A prosa vigorosa é concisa. A frase não deve ter palavras desnecessárias, nem o parágrafo frases desnecessárias.”

Arroz de festa

Há expressões presentes na boca de todos os candidatos. Uma delas tem concorrente que dá nó em fumaça. Ambas têm um ponto comum. É o substantivo encontro. A preposição é que faz a diferença. Trata-se da duplinha ao encontro de e de encontro a.Como usá-las para dar o recado certo? É fácil.

“De encontro a” significa contra, oposição, choque: O carro foi de encontro à árvore. As pesquisas vão de encontro ao desejo dos candidatos.

“Ao encontro de” indica situação favorável. Significa em direção: O pai foi ao encontro do filho. O projeto veio ao encontro dos planos do governo.

Com s ou sem s?

Com vista a? Com vistas a? Tanto faz. O dicionário registra as duas formas. Uma e outra significam a fim de, com o objetivo de. A escolha fica por sua conta: Remeteu o processo ao Ministério Público com vistas (ou com vista) à elaboração de parecer.

Leitor pergunta

Uma expressão que caiu na graça de muita gente me perturba: “vou dar o meu melhor”. Soa-me (mais um) inglês mal traduzido: “I’ll do my best”. Desconfio que o motivo da minha (talvez) implicância venha do fato de que, em português, o superlativo “o melhor” dependa do “o” para diferenciá-lo do comparativo de superioridade “melhor” (diferentemente de “better” versus “best”). O fato é que a expressão não me entra, mas não consigo explicar muito bem por quê. Você me ajuda? (Joaquim Lucas de Castro, Brasília DF)

A língua portuguesa é pra lá de permissiva. Qualquer palavra pode mudar de classe e virar substantivo. Basta antecedê-la de artigo, pronome ou numeral. Quer um exemplo? “Não” é advérbio. Mas, nestas frases, vira substantivo: O não causa arrepio nas crianças. Este não incomoda a todos. Um não faz a diferença. Imagine dois nãos.

“Melhor” não foge à regra. Antecedido de artigo, vira substantivo. Talvez o incômodo, Joaquim, se deva ao modismo. De repente, não mais que de repente, gregos, romanos e baianos passaram a usar “o meu melhor”. Cruze os dedos. A moda passa.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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