Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2018
Ao som da tradicional canção natalina Noite feliz, detalhes de corpos femininos surgem na tela, em uma reconfortante harmonia. O clima pacífico, porém, aos poucos cede lugar para o incômodo, e a própria trilha sonora segue por um caminho mais sinistro. Até que a palavra “assédio” assume todo o campo visual, com um detalhe aterrador: um fórceps surge no alto e leva um naco da palavra.
É como um alerta para que se apertem os cintos – a minissérie Assédio, cujos 10 capítulos estarão disponíveis pela Globo em seu canal Globoplay a partir desta sexta (21), trata de um assunto tão urgente como delicado. Livremente inspirada no livro A clínica: A farsa e os crimes de Roger Abdelmassih, de Vicente Vilardaga, a obra ficcionaliza a história de um grupo de mulheres que formam uma rede para denunciar os abusos sexuais cometidos por um médico bem-sucedido e respeitado, Roger Sadala (vivido por Antonio Calloni).
Como o profissional que lhe serviu de inspiração, Sadala é especialista em reprodução assistida e sua onda de crimes aviltantes começa a se tornar pública quando uma de suas vítimas rompe o silêncio e torna público o que era restrito ao consultório.
“A história se torna uma saga quando outras quatro mulheres, auxiliadas por uma jornalista, aumentam o coro das denúncias”, comenta Amora Mautner, que assina a direção artística da minissérie. Cada capítulo foi cirurgicamente preparado, desde a definição das cores frias, gélidas, que compõem as cenas, até a angulação que privilegia detalhes dos corpos. “A luz é de hospital, quase de um IML, o que representa uma morte simbólica – isso explica a opção de privilegiar apenas algumas partes do corpo das mulheres.”
Amora estava em férias quando recebeu da Globo o convite para dirigir Assédio. Ao ler o roteiro escrito por Maria Camargo (com Bianca Ramoneda, Fernando Rebello e Pedro de Barros), percebeu que o tema era explosivo e atual. “O DNA da história era a dor daquelas mulheres e sua superação. Percebi que poderia ser uma série de sentimentos.”