Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2018
Falar sobre a morte é um tabu para mais de 70% dos brasileiros, segundo uma pesquisa encomendada pelo Sincep (Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil) e realizada pelo Studio Ideias. O levantamento foi divulgado na segunda-feira (24), durante o evento “Inpirações Sobre Vida e Morte”, em São Paulo.
Os números jogam luz em características da nossa cultura e ajudam a entender o que os brasileiros pensam ao lidar com o fim da vida. Segundo a pesquisa, os brasileiros têm mais medo de perder alguém do que da própria morte. 82,4% dos entrevistados acham que não tem nada mais sofrido do que a dor da perda de alguém; 79% acham que nunca é a hora certa; 63% acham que a tristeza está associada à morte; 48,6% não estão prontos para lidar com a morte de outra pessoa; 30% têm muito medo de morrer; 30,4% não sabem como ou com quem falar sobre morte; e 10% acreditam que falar sobre o assunto atrai a morte.
Dificuldade de falar no assunto
Para boa parte dos brasileiros, a morte está diretamente associada a sentimentos ruins como dor, tristeza e saudade, e isso faz com que as pessoas tenham dificuldade de falar sobre o assunto. Essa sensação não passa com o tempo. “A maioria não gosta de falar sobre morte. A questão da idade não muda a relação, a gente não ganha familiaridade conforme envelhece. O assunto é tão distante que mesmo mais velho eu continuo não querendo conversar”, explica Gisella Adissi, presidente do Sincep e dona de cemitério.
Somente 21% dos jovens discutem o tema, e o assunto não fica muito mais recorrente ao longo da vida. Acima dos 55 anos, apenas 32,5% conversam sobre morte. Entre as mulheres, o tema é ligeiramente mais recorrente: 29,3%.
A dificuldade nem sempre reside na perda de alguém ou no medo da morte, mas no receio de ter uma conversa considerada íntima (57,4% acreditam que o tema pertence à intimidade) e que traz à tona justamente os sentimentos ruins associados ao tema. Isso é o que acreditam 76% dos entrevistados.
Para mais de 48%, falar sobre o assunto é depressivo e para 27,8% é mórbido. Para mais de 30%, a morte é algo solitário e não deve ser dividido. Além disso, a dificuldade de lidar com os próprios sentimentos também colabora para que a discussão seja considerada um tabu: 17% declararam não gostar de deixar transparecer seus sentimentos e 7,2 % acreditam que falar sobre a morte é um sinal de fraqueza.
Rituais
Os rituais relacionados à morte também mudaram. Mais de 50% dos entrevistados dizem não participar da missa de sétimo dia, antes tradicional. O uso de roupas pretas também não é mais visto como necessário.
No Brasil, a cremação ainda é pouco difundida. Estima-se que apenas 10% das pessoas optem por ela.