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Por Redação O Sul | 29 de setembro de 2018
Os brasileiros que moram no exterior estão aproveitando que o dólar está mais alto em relação ao real para mandar mais recursos para os seus familiares e parentes no Brasil. De acordo com o BC (Banco Central), somente em agosto eles enviaram quase US$ 245 milhões para o País, montante que representa 21% a mais que no mesmo mês do ano passado.
Trata-se do maior valor já registrado para o mês de agosto nos últimos 11 anos, de acordo com os dados oficiais. Essas remessas maiores estão mais ligadas à cotação do câmbio do que ao maior número de residentes na avaliação da equipe econômica. Os residentes no exterior aproveitam a alta do dólar para que os familiares recebam mais recursos aqui.
De acordo com o BC, o número de brasileiros que foram tentar a vida fora do País tem a ver com as condições econômicas nacionais e globais. Durante o auge da crise de 2008-2009, muitos deles retornaram para o Brasil para fugir das turbulências econômicas e do desemprego lá fora.
Agora, no entanto, o cenário mudou. As economias mais evoluídas estão em recuperação, enquanto o Brasil ainda tenta se recuperar do que muitos consideram como a sua maior recessão na História.
Somente neste ano, os brasileiros que vivem no exterior mandaram US$ 1,4 bilhão para as famílias que deixaram aqui. É um valor 7% maior do que o recebido nos oito primeiros meses de 2017. Ou seja: em agosto, os residentes em outros países aproveitaram a janela de oportunidade e enviaram mais recursos por causa da taxa de câmbio.
Apesar do crescimento, as entradas de recursos não fazem muita diferença nas contas do país. O Banco Central mudou na semana passada as regras para essas transações. Reduziu a burocracia e facilitou o ingresso para as famílias.
Gastos em viagens
Com a alta do dólar, os gastos de brasileiros com viagens no exterior somaram US$ 1,3 bilhão (R$ 5,29 bilhões) no mês passado, uma queda de 20,8% em relação a agosto de 2017. No acumulado do ano, essas despesas com viagens totalizam US$ 12,6 bilhões (R$ 51,2 bilhões), quase o mesmo patamar do ano passado (US$ 12,4 bilhões).
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, lembrou que essa queda está diretamente relacionada ao fato de que, no mês passado, o dólar estava cotado a R$ 3,93, valorização de 24,8% em relação aos R$ 3,15 de cotação média do mesmo mês de 2017.
“Quando o brasileiro pretende viajar ao exterior, buscar comprar dólares e passagens. Com a valorização do dólar, as cotações do câmbio aumentam e a viagem fica mais cara. Em geral, a viagem é adiada ou a pessoa reduz os gastos pretendidos”, afirmou Rocha.
Até o dia 20 deste mês, essas despesas de brasileiros com viagens a outros países soma US$ 796 milhões, mostrando continuidade do movimento de queda em relação ao ano passado.
Já os investimentos estrangeiros produtivos no Brasil, que nos últimos meses vinham caindo em relação ao ano passado, somaram US$ 10,6 bilhões (R$ 43,1 bilhões), o dobro dos US$ 5,1 bilhões (R$ 20,7 bilhões) de agosto de 2017.
“Se olharmos essas operações por setores, são quatro setores que responderam por 60% desses recursos: petróleo, celulose, extração de mineral metálico e produtos químicos”, afirmou Rocha.
Neste mês, até o dia 20, o fluxo de investimento direto atingiu US$ 6 bilhões, e a estimativa do BC é que o mês se encerre com US$ 7 bilhões. “A expectativa também é de recebimento de investimentos direto em volume significativo”, avalia Rocha.
“Ainda é cedo para dizer se será uma tendência para o ano. Temos um resultado muito bom para agosto, uma boa perspectiva para setembro, mas é melhor aguardar se de fato é essa a nova tendência”.
Mesmo assim, no acumulado do ano o investimento direto no país soma US$ 44,3 bilhões (R$ 180, 3 bilhões), pouco abaixo do registrado entre janeiro e agosto de 2017 (US$ 45,4 bilhões).