Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 10 de outubro de 2018
Há pouco mais de um mês, sem alarde, por baixo do radar, o Facebook vem testando em todo o mundo, Brasil inclusive, a sua versão do YouTube. Entrou no ar no dia 29 de agosto o serviço de vídeos, voltado sobretudo para smartphones e smart TVs, que já vinha sendo oferecido em “beta” nos Estados Unidos. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
É uma plataforma dentro da plataforma, chamada Facebook Watch, com formatos de conteúdo e até logotipo – estilizando uma tela de TV tradicional – semelhantes àqueles do serviço de vídeos do Google.
Permite ao usuário seguir as páginas que queira, com os programas seriados ou as transmissões ao vivo de esporte, por exemplo, devidamente agendadas.
O diretor de parcerias de entretenimento para a América Latina, Mauro Bedaque, diz que são “ainda os primeiros momentos do Watch no Brasil”, mas a expectativa é repetir o que houve no mercado americano.
“A tendência que vimos nos Estados Unidos mostra que o tempo total gasto assistindo a vídeos no Facebook Watch aumentou em 14 vezes desde o início de 2018”, diz.
Diferentemente do YouTube, o serviço do Facebook tem destacado, neste início ao menos, os vídeos próprios, de maneira mais assemelhada à Netflix.
Coloca no ar episódios de séries de ficção dramática e outros programas, inclusive de “reality TV”, também uma prioridade recente da Netflix.
A série de maior impacto até o momento é “Sorry for Your Loss”, com a atriz Elizabeth Olsen, que surgiu na plataforma no último dia 18, com os primeiros quatro episódios, já estimulando “binge watching”. Outros quatro entraram nas duas semanas seguintes.
“Não temos números locais para compartilhar, mas falando em dados gerais [globais] somente o primeiro episódio gerou mais de 3,7 milhões de visualizações”, diz Bedaque.
A crítica do britânico The Guardian sobre a série, que trata de uma jovem que revê a sua vida após a morte inesperada do amante, afirmou que é “absolutamente autêntica” e mostra que “a jornada através da dor é áspera, não uma maré de lágrimas”.
Com o tempo, o foco do Watch tende a se voltar mais para os vídeos produzidos pelos usuários e parceiros.
“Vamos continuar investindo em alguns programas originais com apelo global para testar e aprender sobre o que a comunidade gosta, coletar ‘feedback’ e inspirar outros, mas o financiamento é apenas uma das maneiras pelas quais podemos trazer conteúdos para o Watch”, diz Bedaque. “Vamos realmente focar em dar suporte a uma ampla gama de conteúdo de vídeo de criadores e ‘publishers’ em todo o mundo, ajudando nossos parceiros.”
Uma das primeiras ferramentas disponibilizadas é o que o Facebook chama de Creators Studio, para os criadores de vídeos gerenciarem suas bibliotecas e negócios, com dados, por exemplo, sobre retenção de audiência.
Nesta primeira fase, além das produções próprias e dos vídeos de usuários, uma outra vertente no Brasil é a transmissão de esportes ao vivo.
Também no último dia 18, a plataforma estreou no Brasil os jogos da Liga dos Campeões, o principal torneio de clubes de futebol no mundo, antes programada para o canal Esporte Interativo.
O EI abandonou a TV paga um mês antes do início do campeonato europeu, mas manteve parte da estrutura para a transmissão dos jogos por via digital.
A primeira partida exclusiva, entre Barcelona e PSV, alcançou um pico de 105 mil espectadores ao vivo, somou 1,6 milhão de visualizações de vídeo e 266 mil interações, de acordo com a Turner, controladora do EI.
Segundo análise do site Máquina do Esporte, as maiores audiências – e a maior retenção – no Facebook se deram nas transmissões dos clubes mais conhecidos dos brasileiros, casos de Barcelona e Real Madrid.
O projeto é de longo prazo. “Pelas próximas três temporadas, 66 jogos da Uefa Champions League serão transmitidos por ano no Facebook no Brasil”, diz Bedaque. “Estamos muito animados pela parceria com o Esporte Interativo.”
Para o ano que vem, a partir de março, a plataforma acaba de adquirir direitos exclusivos para 27 jogos de quinta-feira da Libertadores, a equivalente sul-americana da Liga dos Campeões.
Os esportes ao vivo evidenciam que o modelo de negócios do Facebook Watch se distancia da Netflix, cuja receita vem das assinaturas, e se volta, como nos concorrentes de TV aberta e no YouTube, para publicidade.