Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de novembro de 2018
Carnaval Subjetivo (Editora Bestiário), o sétimo livro de Diego Petrarca (incluindo suas publicações independentes) reúne poemas escritos entre 2015 e 2018. No volume, o verso livre convive com outras formas e expressões poéticas como experimentações visuais, tamanho da letra e aproveitamento dos espaços em branco da página.
Na parte que dá título ao livro, a experiência do cotidiano revela surpresas captadas pelo olhar sensível do autor e resulta em poemas concisos, repletos de musicalidade e lirismo, elaborados primeiramente através de um impulso espontâneo, baseado num processo de escrita fragmentada e depois reelaborados, priorizando um acabamento, uma unidade.
Plantapés é um longo poema dividido em partes que descreve de modo orgânico o desejo do eu lírico por uma personagem anônima que dança em sua frente e a partir desse fato inúmeros desdobramentos são abordados, tendo como foco a experiência visionária confundida com desejo carnal numa fabulada obsessão pelos pés.
A forma visual aparece em Slogans, frases/poemas que funcionam como um refrão ou palavra de ordem e do mesmo modo revelam surpresas, achados, insights, que desmentem o senso comum e se bastam numa só sentença, dada a contundência e estranheza daquilo que é revelado nas frases. A escolha do tipo de letra, por outro lado, sugere um caráter expositivo das palavras nesses poemas, como cartazes que exploram a materialidade das letras revelando outros possíveis sentidos.
Já em Placas da Baixa a fonte dos poemas em stencil recupera a estética da ruas, da arte urbana, e se apropria de estabelecimentos, bares, boates, cafés e restaurantes da Cidade Baixa recriados numa finalização poética através das combinações de sentidos inusitados (mas plenamente possíveis) captados na variedade da nomenclatura dos lugares do bairro mais boêmio de Porto Alegre, onde mora também o autor. Não apenas um trabalho de pesquisa, poetizando os letreiros da cidade, mas também de intertextualidade com os nomes de estabelecimentos da Cidade Baixa.
Carnaval Subjetivo também nasceu sobretudo da experiência do poeta com a paternidade e das conversas com alunos e ideias que lhe surgiram durante suas aulas de Redação e Literatura, matérias que leciona, além das oficinas literárias que ministra. A poesia da canção popular brasileira, o aprofundamento da intimidade com novas amizades e a constante leitura de biografias e movimentos artísticos da área da poesia e oralidade, são motores fundamentais que deram origem a este Carnaval Subjetivo.
Diego Petrarca nasceu em Porto Alegre em 20 de março de 1980. Mestre em Teoria Literária – Escrita Criativa. Publicou os livros: Nova Música Nossa (crônicas) 1998, Mesmo (poesia) 2003, Banda (poesia) 2002, Via Cinemascope (poesia), 2004. Cada Coisa (Multifoco -poesia) 2012, Vento & Avenca (Athy -haicais) 2012, Hai-Cábulos, (edições Dulcinéia Catadora) com Andréia Laimer (2012) e Tudo Figura, (2014), – selecionado pelo Plano de Edições do Instituto Estadual do Livro (indicado ao prêmio AGES poesia 2015).
Premiado em concursos literários. Integrou 16 antologias, publicou textos e poemas em jornais e revistas com poesia com apresentações de livros e discos.
Trabalha em projetos de literatura e jornalismo literário. É professor de literatura do Estado do RS e ministra oficinas literárias em órgãos de cultura em Porto Alegre.