Quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2018
A série Baby mal chegou e já está causando polêmicas. O seriado italiano está sendo acusado de promover o tráfico sexual e glamurizar o abuso. A denúncia vem da National Center on Sexual Exploitation, organização norte-americana que trabalha para expor as ligações entre as formas de exploração sexual.
De acordo com a descrição oficial de Baby, a série é uma história de amadurecimento que explora a vida invisível de jovens de Roma. Superficialmente baseado em fatos reais, o seriado segue um grupo de estudantes que desafiam a sociedade, buscando sua identidade e independência, com problemas familiares, segredos e amores proibidos como pano de fundo. Porém, o que falta nessa descrição oficial é que o seriado envolve jovens menores de idade que se prostituem.
O diretor executivo da ONG, Dawn Hawkins, acusou a gigante empresa de streaming de “estar completamente fora do tom, priorizando o lucro em cima de vítimas de abuso. […] Erik Barmack, vice-presidente de conteúdos internacionais da Netflix, descreveu o programa como ousado. Não há nada de ousado em explorar a sexualidade de menores de idade. A série glamoriza o abuso sexual e banaliza a experiência de inúmeras mulheres e homens menores de idade que sofreram com o tráfico sexual”. A ONG chegou a mandar uma carta para a Netflix, assinada por diversos sobreviventes do tráfico sexual.
Briga
Alfonso Cuarón está de volta, e já com prêmios na bagagem e credenciado para os principais troféus da temporada de premiações 2018/2019 por causa do extremo sucesso de Roma, sua semi-autobiografia que lhe rendeu o Leão de Ouro do Festival de Veneza. Entretanto, nem tudo são flores, já que o realizador também está no centro de uma grande polêmica: a pesada disputa entre a Netflix, produtora do drama, e os exibidores tradicionais. E quanto à problemática, Cuarón tem uma opinião bastante clara:
“Acredito que há algo que é maior que a forma com que você lança seu filme. É o cinema. O cinema é que é importante. As outras coisas são considerações irritantes da distribuição cinematográfica […] Há uma luta entre dois lados que não têm nada a ver com cinema; são dois modelos econômicos lutando e, eventualmente, isso será equilibrado. Mas não acho que os diretores devem se preocupar com modelos econômicos. Devemos nos preocupar com as coisas que têm relação com nossos filmes”, sentenciou Cuarón.
A opinião do cineasta mexicano é certamente interessante e importante em tempos onde a contenda entre o streaming e os donos de cinemas tradicionais vem roubando espaço dos longas em si. Enquanto muitos diretores repudiam serviços como o da Netflix e do Amazon Prime – que, diferentemente de sua rival, sempre lança seus títulos antes de colocá-los em seu catálogo –, Cuarón está em busca de formas mais simples de encontrar recursos. “Nenho filme que faço foi pensado para ser visto em um telefone. Mas se alguém escolhe ver dessa maneira, essa é a escolha da pessoa”, finalizou o cineasta.
A excelente recepção de Roma por parte da crítica, já eleito por boa parcela da imprensa especializada como filme do ano, foi o que fez a Netflix contrariar sua estratégia padrão de distribuição, exclusivamente voltada para o streaming. Para credenciar o longa ao Oscar e aos demais prêmios do circuito de eventos do fim do ano, a gigante do segmento foi obrigada a soltar Roma nas telonas de Los Angeles e Nova Iorque para tornar o projeto credenciável a indicações. Anteriormente, a Netflix foi atacada pelos donos de cinemas italianos por causa da vitória de Roma e da inclusão de muitos de seus títulos em Veneza.